Bia Rodrigues, Redação LAL – A pandemia de coronavírus também afeta a vida sexual, afinal contatos físicos, como beijos e abraços, não são recomendados, porque podem transmitir o vírus. Até o momento, não há evidências científicas que demonstrem que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) pode ser transmitido pelo sêmen ou pela secreção vaginal. O que se sabe é que outros coronavírus, de um modo geral, não são transmissíveis por vias sexuais.
Para a sexóloga e psiquiatra doutora Carmita Abdo, apesar da falta de evidência científica, a atividade sexual deve ser restrita. “Não há evidências científicas suficientes para recomendações sobre a vida sexual durante essa pandemia. Entretanto, considerando os critérios para redução da curva de infectados (isolamento social, afastamento de até 2 metros entre as pessoas, higiene respiratória e das mãos etc) e – considerando a possibilidade de contaminação em período de incubação, a sobrevida do vírus por horas em diferentes superfícies, a existência de grupos de maior risco – recomendam-se restrições à atividade sexual”, destacou.
Inclusive, a prefeitura de Nova York, nos EUA, lançou um manual de sexo seguro durante a pandemia ( clique e leia – em inglês). “Você é seu parceiro sexual mais seguro. A masturbação não espalhará o Covid-19, especialmente se você lavar as mãos (e brinquedos sexuais) com água e sabão por pelo menos 20 segundos, antes e depois do sexo. O próximo parceiro mais seguro é alguém com quem você mora. Você deve evitar contato próximo – incluindo sexo – com alguém fora do seu ambiente domiciliar” são algumas das recomendações do manual da prefeitura de Nova York. Para quem conhece os parceiros sexuais online ou é profissional do sexo, a cartilha recomenda evitar os encontros reais e adotar encontros via vídeos e salas de bate-papo.
Como o vírus está presente na saliva e no muco, beijos também devem ser evitados. “Como a boca também é um sítio do COVID-19, o vírus pode ser transmitido pelo beijo. É preciso lembrar que nesse momento a prioridade é adotar medidas de prevenção”, explicou a sexóloga, membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, que é também coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.
É preciso evitar qualquer contato íntimo, se um dos parceiros estiver com suspeita ou tiver sido diagnosticado com a Covid-19. “Atividade sexual que envolva contato físico íntimo, se um dos parceiros foi exposto ou está infectado, precisa ser suspensa por 14 dias, pelo menos”, orientou a sexóloga. A cartilha da prefeitura de Nova York orienta ainda que se uma das pessoas do casal tiver uma condição médica que possa resultar em uma forma mais grave da Covid-19, o casal não deve ter relações sexuais para diminuir o risco de contaminação. Entre as pessoas com risco maior de ter a forma mais grave do novo coronavírus estão pacientes de doenças pulmonares, cardíacas, diabetes, câncer ou um sistema imunológico enfraquecido (por exemplo, ter HIV não suprimido e um baixo CD4 contagem).
Em tempos de Covid-19, a imaginação e a masturbação são as principais armas na hora do sexo. “Há várias formas de contemplar a sexualidade, sem o contato direto. Além do sexo virtual, o que mais você proporia? Asas à imaginação! Quanto ao autoerotismo pode ser mantido, pois não contraria as restrições sexuais. Sem esquecer que a prioridade é adotar as medidas de prevenção contra o coronavírus”, concluiu a sexóloga Dra. Carmita Abdo.