Campeã em Tóquio-2020, baiana Ana Marcela Cunha vai em busca do bi olímpico

ESPORTE REGIÃO METROPOLITANA

As águas de Salvador não comportaram tamanho talento e ficaram ‘pequenas’ para a grandeza de Ana Marcela Cunha. Campeã de tudo – olímpica, mundial, do Circuito Mundial, dos Jogos Pan-Americanos, entre outros tantos títulos -, a baiana se prepara para mais um desafio: mergulhar nas águas do Rio Sena em busca do bicampeonato do maior evento esportivo do mundo.

A prova da maratona aquática feminina em Paris-2024 está programada para a madrugada desta quinta-feira (8), às 2h30. Vale citar, porém, que os treinos de familiarização que aconteceriam ontem foram cancelados, segundo os organizadores dos Jogos Olímpicos, por causa dos níveis de poluição do Sena. Por enquanto, a prova está mantida, mas há a possibilidade de ser remanejada para o estádio Náutico de Vaires-sur-Marne, onde ocorrem as competições de remo e canoagem.

Hoje aos 32 anos, Ana Marcela Cunha acumula uma lista enorme de medalhas e vitórias, mas tudo isso só aconteceu devido ao esforço dos pais, a ex-ginasta Ana Patrícia Cunha e o ex-nadador George Cunha.

A baiana se mudou há cerca de um ano para a Itália, onde vem treinando com as principais adversárias da modalidade
A baiana tem 17 medalhas em Campeonatos Mundiais, sendo sete ouros Crédito: Sátiro Sodre/SSPress/CBDA
Aos 2 anos, a baiana começou a nadar na creche em que frequentava. Não demorou muito para que a pequena Aninha, aos 8 anos, começasse a mostrar ao mundo que estava se preparando para ser a melhor, caindo no mar e em rios e treinando na antiga Vila Olímpica da Fonte Nova, em Salvador.

Em 2007, a família Cunha se mudou para Santos, em São Paulo, para que Ana Marcela pudesse treinar e competir pela Universidade Santa Cecília (Unisanta). No ano seguinte, ela disputou sua primeira Olimpíada, com 16 anos. Nos Jogos de Pequim-2008, terminou a prova de 10 km na 5ª colocação.

Desde então, a baiana conseguiu mostrar para o Brasil (e para o mundo) que as águas traçam o seu caminho. A lista de sucessos é extensa, incluindo 17 medalhas em Campeonatos Mundiais – sendo sete de ouro.

Altos e baixos

O caminho, porém, passou por alguns perrengues. Para a Olimpíada de Londres-2012, ela perdeu a vaga por apenas uma posição – foi 11ª no pré-olímpico que dava dez lugares. Na Rio-2016, Ana Marcela era uma das favoritas, mas ficou sem nutrição durante a prova e terminou apenas na 10ª colocação.

“Eu me preparei, e não foram quatro anos, foram oito anos lutando para voltar a uma Olimpíada. Em casa, cogitada como uma das favoritas, tenho certeza de que o que eu fiz foi o meu máximo. Estou triste, é lógico. Eu tinha três alimentações para fazer, e só fiz a primeira”, explicou, à época, em entrevista ao SporTV.

A redenção veio em 2021. Na sua terceira Olimpíada, Ana enfim subiu ao pódio, conquistando o ouro da prova de 10 km no Japão.

Em novembro de 2022, a baiana precisou passar por um procedimento cirúrgico no ombro. A operação aconteceu quase uma semana depois da atleta se tornar hexacampeã do circuito mundial de águas abertas. Ela, na ocasião, garantiu que viria mais forte em 2023. E veio. Acumulou não só a vaga para Paris-2024, mas também as medalhas de bronze nos Mundiais de Fukuoka 2023 e Doha 2024, assim como a prata nos Jogos Pan-Americanos de 2023, em Santiago.

O ciclo da busca pelo bi olímpico na capital francesa, aliás, veio com mudanças. Há cerca de um ano, Ana Marcela rompeu com o treinador Fernando Possenti e se mudou para a Itália, para trabalhar com o técnico Fabrizzio Antonelli. Lá, passou a treinar com as suas principais adversárias da modalidade, todas estão de olho no pódio.

adm

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