Intitulada “Meninos: Sonhando os homens do futuro”, a pesquisa nacional revela que 5 em cada 10 meninos de 15 a 17 anos têm dúvidas se são amados pelo pai. Essa percepção varia entre os diferentes grupos étnicos, sendo os meninos brancos os que menos duvidam do amor do pai (35%) e os meninos negros os que mais têm dúvidas (49%).
“Ao observarmos essa dinâmica quando direcionadas a meninos, que normalmente são criados com frieza e endurecimento, entendemos o quão complexo é querer que os homens do futuro sejam mais gentis e amorosos, se esses meninos pouco recebem e são estimulados a essa prática. Não se sentir amado tem um impacto negativo na saúde mental, pois esses jovens podem ter dificuldade em distinguir amor do que é abuso, posse ou violência”, é o que afirma Marlon Nascimento, psicólogo clínico e social especialista no atendimento de homens e jovens negros e de periferia.
Nascimento ainda explica, baseado em bell hooks, que podemos entender o amor como uma série de ações e não só como um sentimento, de forma que a dúvida sobre o amor do pai também está relacionada ao fato dos homens estarem menos comprometidos com as atividades de cuidado e carinho.
Com mais de 4 mil meninos e meninas adolescentes entrevistados, este é o maior estudo realizado na América Latina sobre a percepção do desenvolvimento masculino na adolescência. Idealizado pelo Instituto PDH e PapodeHomem, viabilizado pela Natura e com apoio do Pacto Global da ONU no Brasil, o documento traz dados importantes sobre as dinâmicas familiares e o impacto na saúde mental dos jovens.
Falta de homens que sejam referência positiva de masculinidade pode agravar a situação
Outro dado revelado pela pesquisa, é que 6 em cada 10 meninos afirmam conviver com poucos ou nenhum homem que seja uma referência positiva de masculinidade. O fundador do Instituto PDH e idealizador da pesquisa, Guilherme N. Valadares, aponta como “é muito difícil ser o que não conseguimos ver. Por isso é tão importante que os meninos tenham convivência com homens que assumam sua responsabilidade em serem exemplos de masculinidades mais responsáveis e conscientes.”
Ao associar esse dado com o da falta de certeza de ser amado pelo pai, Marlon reflete que para grande parte dos meninos ouvidos na pesquisa, a incerteza de serem amados e falta de referências deve gerar uma angústia sem tamanho. “Se fizemos o recorte para meninos negros, que já carecem de referências, pois seu pai sofre impacto direto de diversos aspectos sociais, inclusive das violências, percebemos a complexidade do debate na dimensão étnico-racial. Isso só reforça a necessidade de políticas públicas específicas para esse público”, completa o psicólogo.
Claudia Pinheiro, diretora global de perfumaria da Natura, ressalta a importância dos dados revelados pela pesquisa para a construção de referências positivas para os meninos. “A Natura é uma marca que sempre acreditou e levantou pautas importantes para a sociedade. Viabilizar esse projeto nos permite traçar com profundidade o perfil dos meninos de hoje e suas perspectivas para o amanhã, identificando suas dores e seus sonhos. E a partir disso, pensar e colaborar fortemente no desenvolvimento de cada indivíduo, além de contribuir a se tornarem adultos conscientes de suas atitudes”, reforça a executiva.
O que os meninos gostariam de aprender?
Dentre as várias respostas, 6 em cada 10 responsáveis por meninos entre 13 e 17 anos gostariam que seu(s) menino(s) aprendessem como ficar mais bonito(s) (corpo, pele, cabelo etc.) — esse índice é o mesmo em relação ao interesse geral de meninos sobre o assunto. É interessante notar que os meninos de escola pública estão mais interessados em aprender sobre estética e beleza (63%) que os meninos de escolas privadas (56%).
Essa resposta quebra um estereótipo de gênero, indicando que meninos da geração z no geral, se importam de forma significativa com cuidados estéticos.
A diretora da Natura comenta sobre os dados e de que forma eles estão alinhados com o propósito da marca: “Esse recorte da pesquisa reafirma a nossa missão de contribuir para uma sociedade onde os meninos se sintam mais confiantes e confortáveis consigo mesmos. Tal compromisso vai de encontro a nossa proposta de Natura Homem, marca expert em Perfumaria e cuidados pessoais para este público, que ao longo dos últimos anos buscou reforçar o apoio e o estímulo para os homens expressarem sua individualidade e cuidarem de si mesmos, livres de padrões. Ao pensar nas gerações futuras, precisamos olhar para os meninos do presente”, reforça Claudia.
Como vamos garantir que os meninos sejam homens melhores?
Viviana Santiago, consultora estratégica do projeto “Meninos: Sonhando os homens do futuro” comenta sobre o impacto disso na vida dos meninos: “Percebemos que os meninos entendem que existem outras possibilidades para ser homem, mas não conseguem encontrar ao seu redor homens que possam inspirá-los nesse caminho. Ao longo dos anos, com poucas referências positivas, nós acabamos perdendo esses meninos para as performances de masculinidades que são marcadas pela violência, pelo poder sobre meninas e mulheres, dentre outras coisas. Os meninos estão nos dizendo que querem ser homens melhores no futuro. Mas o que nós vamos fazer para garantir isso?”.
“Meninos: sonhando os homens do futuro”, uma carta de amor
Iniciado em janeiro de 2023, o projeto “MENINOS” engloba três grandes produções: pesquisa, documentário e um currículo para escolas e espaços esportivos. O projeto é desenvolvido com o apoio institucional do Pacto Global da ONU no Brasil, e foi apresentado na 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, em Nova York.
Aplicada entre agosto e outubro de 2023, a pesquisa ouviu 4 mil meninos de 13 a 17 anos, meninas nessa mesma faixa etária e, também, pessoas responsáveis por meninos nessas idades. A intenção de ouvir esses diferentes grupos é desenhar um cenário mais próximo da realidade dos garotos, entendendo o que eles esperam, como se relacionam com outros grupos e como outros grupos enxergam esses meninos.
O documentário de mesmo nome, em fase de gravação, trará os resultados da pesquisa completa, entrevistas com especialistas, histórias e vivências de um grupo de meninos. A pesquisa servirá como base para o desenvolvimento de um currículo voltado ao acolhimento de meninos, o “Programa Meninos do Futuro”.
“Trabalhar com os meninos de hoje é uma chave importante para garantir uma sociedade com homens mais saudáveis no futuro”
Sobre porque realizar um projeto com foco nos meninos, Guilherme N. Valadares, diretor de pesquisas do Instituto PDH e um dos fundadores do PapodeHomem comenta:
“O foco nos meninos é estratégico porque é nessa fase que muitos comportamentos e crenças são formados. Queremos desafiá-los a questionar estereótipos prejudiciais, aprender a lidar com suas emoções e adotar atitudes que promovam equidade e respeito. Estamos confiantes que podemos causar um impacto positivo e duradouro na vida desses jovens e, consequentemente, na sociedade como um todo. Trabalhar com os meninos de hoje é uma chave para garantir homens melhores no futuro.”
Parceria de longa data com a Natura
A parceria entre Natura, PapodeHomem e Instituto PDH no projeto “Meninos: Sonhando os homens do futuro”, reforça o compromisso da empresa com a promoção de debates sobre as masculinidades. Em 2019, a Natura também esteve presente no documentário lançado pelo instituto, que propõe uma reflexão saudável sobre o comportamento masculino.
Claudia destaca que a parceria evidencia a necessidade de iniciativas que promovam a construção de referências positivas e fomenta a discussão sobre masculinidades saudáveis.
“Desde a nossa fundação, buscamos abordar temas essenciais para o país em todas as esferas em que atuamos, como exemplo temos as nossas campanhas de Natura Homem junto a uma linha completa pensada para todas as necessidades deste público. Os resultados da pesquisa, enfatizam a urgência de promovermos discussões que impactem positivamente as novas gerações. Sabemos que apoiar esse tipo de iniciativa ajuda a construir agendas propositivas para um futuro em que os meninos se sintam mais amados e apoiados”, finaliza a executiva.