O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto (União Brasil), conforme antecipado pelo bahia.ba, após a largada do debate entre as bancadas federal e estadual e com o prefeito Bruno Reis este ano, falou pela primeira vez sobre a possibilidade de voltar ao páreo em 2026 e disputar novamente o governo do estado. O ex-prefeito de Salvador afirmou ainda que para a disputa em Salvador em 2024 só existe um nome para ele que é o do prefeito Bruno Reis (UB) e aventou o nome do presidente do Esporte Clube Bahia Guilherme Bellintani como uma das possibilidades de vice na chapa de Bruno.
“Espero em breve voltar com foco total e único na política. Se houver chance de disputar uma nova eleição para governador, acho que sim. O fato de eu ter perdido uma (eleição), não impede (de concorrer novamente). Em 2008 perdi Salvador para quatro anos depois vencer e me reeleger (em 2016) com 74%. Considero a possibilidade (sobre 2026), sabendo que tudo é no seu tempo”, disse em entrevista ao jornalista Raul Monteiro.
Ele ainda ponderou ter se preparado uma vida toda para a eleição de 2022 e que ‘derrotas ensinam, muitas vezes, mais do que as vitórias’.
“Me preparei a vida inteira para isso. Me considerava absolutamente pronto. Não foi a vontade da maioria dos baianos (em 2022), houve a influência do voto no 13 e a força da máquina estadual.
“Sem querer desmerecer ninguém, mas muita gente votou em Jerônimo sem saber quem era. O principal elemento foi 13 e a influência nacional. Eles estavam no momento com muito dinheiro em caixa. O então governador Rui Costa, que nunca foi de fazer política, parou o governo em 2022 para fazer política. Começou a receber prefeito, a fechar convênio. Então, comprou uma aliança na base do dinheiro da máquina do estado. Eles conseguiram construir um apoio no interior de forma que quase 280 prefeitos estavam do lado deles”, frisou, arrematando ter enfrentado ‘um sistema que está enraizado na Bahia”, salientou
“Mas, sou pessoa de muita fé e acho que tudo acontece na hora certa. O sentimento meu é sempre de valorização do que fizemos e depois entender que na vida tudo serve de aprendizado. Derrotas ensinam, muitas vezes, mais do que as vitórias”, pontuou o ex-prefeito.
Sobre a disputa eleitoral, ele ainda falou sobre o planejamento para as eleições do próximo ano e declarou que o foco é unificar o palanque do grupo nos municípios, em especial em Salvador.
O secretário-geral do União Brasil, inclusive, descartou qualquer possibilidade de ser novamente candidato ao Palácio Thomé de Souza em 2024. “Só tenho um nome para disputar em Salvador, que é o do prefeito Bruno”, assegurou.
“Isso não apenas por Bruno ser amigo pessoal, uma pessoa leal, correta, que vestiu a minha camisa (em 2022), suou. Ele fez todo possível para o êxito do nosso projeto em 2022. Estou com ele não apenas pelo grande quadro que ele é, um homem correto e decente, mas também, e principalmente, pelo trabalho dele à frente da Prefeitura”, complementou.
E, não deixou de falar sobre a disputada cadeira de vice numa futura chapa majoritária do prefeito, revivendo um nome que, embora disputado, estava, até então, esquecido no cenário político. Segundo ele, que o presidente do Esporte Clube Bahia Guilherme Bellintani pode ser uma das possibilidades.
“Em 2016 avaliei a possibilidade de Bellintani, que foi colaborador nosso na Prefeitura exercendo diversas funções, ser meu vice. Era um nome que poderia ter figurado em minha chapa. Poderia ser prefeito de Salvador hoje, tem qualidades, como tem o próprio deputado federal Leo Prates (PDT), a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) e vários outros nomes qualificados do nosso grupo”, declarou.
O presidente da Fundação Índigo ponderou ter certeza de que Bruno vai ouvi-lo e decidir com ele, ‘mas a palavra final será de Bruno como prefeito da cidade’.
Conforme publicado pelo bahia.ba, o posto estaria reservado para indicação do ex-prefeito. Essa seria uma estratégia para o presidente da Fundação Índigo manter seu capital político em Salvador e, consequentemente, transferir seus votos para o aliado.
Por fim, elevando o tom, ele não deixou de avaliar a gestão do principal adversário e reiterar que continuará cumprindo seu papel de oposição.
ACM Neto declarou ainda ter enfrentado um sistema que governa a Bahia há 17 anos. “Então, eu não enfrentei Jerônimo, enfrentei um sistema. A gente sabe bem qual é o nível de enraizamento desse sistema, não está só na política e nem sempre o jogo é decidido em campo, nas quatro linhas. Muitas coisas acabam influenciando, fazendo com que a gente tenha essa árdua tarefa de estar há 17 anos enfrentando esse sistema que eles instituíram na Bahia”, salientou.
“Os problemas da Bahia pioraram nestes primeiros sete meses do governo Jerônimo Rodrigues. Falta um governador que meta a mão na massa e enfrente os desafios, a exemplo da onda de violência e a fila da regulação.
“Tudo na vida tem um ciclo. Eu acho que 17 anos de PT no poder do estado já é demais, e acho que isso vai ter um fim. Espero que seja mais próximo, que seja em 2026, numa nova eleição. E eu vou continuar cumprindo o meu papel que é de oposição”, ressaltou.
O presidente da Fundação Índigo disse que ainda não viu novidades no novo governo, agora de Jerônimo. “Eles tem um projeto, mobilização para arrecadação de alimentos. É louvável, todos concordamos com isso, mas e a política social? E as pessoas que estão passando fome e que precisam do trabalho? Na propaganda eles são muito bons, fazem muita espuma, mas resultado que é o que importa, nada. O que a gente viu de novo na segurança pública, na saúde?”, questionou.
Conforme Neto, nestes sete meses, “estamos vendo um governador blogueirinho, apelido dado nas redes sociais, não por mim, um governador com muito oba oba, muita dancinha, muito memezinho, mas botar mão na massa, não estou vendo”.
“Então, para mim é falta de governador. Tá faltando governador que meta mão na massa, que enfrente o problema, que traga o sistema de São Paulo de regulação e bote fila para andar para que pessoas tenham atendimento no interior. Fazer que nem Goiás, ter rigor nos presídios. Mais da metade das ocorrências tem origem dentro dos presídios”, finalizou.