O coordenador de Área do IBGE, em Candeias, Carlos Rui Miranda, foi o convidado da primeira Audiência Pública (unicamente para falar sobre o Censo 2202) realizada este ano, na terça-feira, 24/1, com a presença de vereadores, secretários municipais, lideranças populares e representantes da imprensa.
Antes do início dos trabalhos, o presidente da Câmara, Valdir Cruz, informou que seria prestada uma homenagem ao ex-vereador André Luiz de Araújo (Júnior CCA), no dia em que completava 2 anos da morte do edil, que estava há apenas 24 dias no mandato.
Foi exibido um vídeo com a história do edil e obedecido um minuto de silêncio em homenagem póstuma.
Na abertura da Audiência Pública, foi explicado que depois dos dados preliminares divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicando queda expressiva na população de Candeias que tinha uma projeção de 87 mil em 2020 e pode fechar o Censo Demográfico 2020 com menos de 80 mil habitantes, e uma reunião preliminar com o IBGE decidiu-se pela reunião pública na Câmara com a participação de todos.
Ao iniciar a explanação, Rui Miranda disse que desde o Censo de 2000, mantida em 2010, se percebia uma tendência de redução no número de habitantes na cidade de Candeias. Isso deve se manter neste atual levantamento, embora, afirme que os dados ainda não são definitivos. Disse que Candeias conta com 37 mil habitações, 7 mil das quais estariam fechadas (sem moradores ou sem atendimento aos recenseadores) e faltam computar mais ou menos 800 unidades habitacionais.
Ao falar sobre população nos distritos, Rui Miranda causou perplexidade ao dizer que a Fazenda Madeira registra apenas 30 moradores.
Essa fala provocou a indignação do líder do Governo na Câmara, Gil Soares, que questionou veementemente o levantamento.
Rui disse que o IBGE é uma instituição de Estado que trabalha com seriedade e que, o estudo vai comprovar essa redução, mas está aberto a uma revisão. O problema é o tempo já que o estudo terminou no dia 31 de dezembro.
Também o coordenador foi veementemente contestado pelos vereadores e vereadoras Amiga Ju, Diego Maia, Jorge da JM, Robinho, Ró Salomão, Rita Loira e Valdir Cruz, que afirmam não ser possível duvidar da instituição, mas dos dados ali apresentados, pois muitas localidades, ruas e até povoados sequer foram visitados. A Rua Amazonas, no Centro, por exemplo, teria em torno de 30 casas e nenhum recenseador sequer apareceu por lá até hoje (ontem).
Questionamentos também saíram da plateia, como de representantes de um dos Quilombos na cidade que não receberam a visita do Censo até então. Também de moradores dos distritos incrédulos e impressionados com o que ouviam já que têm certeza que expressiva parte da população não foi ouvida.
O coordenador do IBGE admitiu que haveria revisão dos dados, mas tem certeza que eles influenciariam pouco no resultado final, que é a redução da população candeense.
Ao intervir, o procurador-geral da Câmara, Jair Cardoso, disse que faltam muitos dados pelo que conhece e apura ao longo de décadas como professor e historiador. E que pelos números apresentados não haverá redução, mas sim, uma queda de abismo na população de Candeias.
O secretário municipal de Planejamento, Ivan Palma, afirmou que a Prefeitura está atenta, vai aguardar a finalização do levantamento e que medidas devem ser adotadas para averiguar se houve um trabalho incompleto que prejudica a todos na educação, na infraestrutura e no social. Salientou que a Procuradoria Jurídica da Prefeitura vai estudar medidas, e se necessário, vai aos Tribunais.
Também participaram da Audiência, os vereadores Val Enfermeiro, Pastor Adailton, Rosana de Bobó, Sílvio Correia, o secretário de Governo do Município, Washington Campos, o diretor-administrativo da Câmara, Antônio Bordoni, o ouvidor-geral da Câmara, João Cláudio, e representantes da imprensa.
No encerramento, o presidente da Câmara, Valdir Cruz, agradeceu a todos e disse que o Legislativo vai envidar esforços adotando as medidas necessárias para que o Censo apresente dados reais e, pelo que ouviu, os números parecem não bater com a realidade de Candeias, um consenso.