O presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou seu discurso em evento do setor de supermercados em São Paulo, nesta segunda-feira (16), para relativizar os atos de raiz golpista do 7 de Setembro do ano passado, tratando-os como manifestações de liberdade de expressão, e disse que nunca irá para a cadeia.
“A liberdade é mais importante que a nossa própria vida. Em mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. Ainda falam que eu vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso”, afirmou o chefe do Executivo federal, que na sequência emendou: “Não estou dando recado para ninguém.” Bolsonaro é alvo de inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a Folha de São Paulo, em fala de improviso e aos gritos, o presidente se irritou em diferentes momentos, falou uma série de palavrões e ameaçou mais uma vez não cumprir decisões do STF sobre terra indígena e ironizou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), chamado por ele de “inexpugnável”.
O discurso do presidente foi feito a empresários presentes em um almoço fechado que marcou a abertura de uma feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados), no Expo Center Norte, na zona norte da capital paulista.
O presidente elogiou os empresários do setor de abastecimento. “Vocês foram excepcionais na pandemia”, afirmou. “Mas tudo pode acontecer. Podemos ter outra crise. Podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar, para um lado ou pro outro, a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso.”
Ele voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e o TSE por não aceitar novas sugestões das Forças Armadas à Comissão de Transparência nas Eleições (CTE), criada por aquela corte.
Em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro disse aos espectadores não ser um ditador. “Eu não sou ditador. Sou uma pessoa que tem responsabilidades pelo Brasil. E digo: se Deus me deu essa missão, eu vou ter que cumpri-la. E sempre falo: só ele me tira de lá. Não adianta alguém querer inventar uma canetada por aí, que não vai conseguir.”