O PSOL oficializou o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência neste sábado (30) durante a conferência eleitoral do partido.
Último a discursar no evento, Lula falou durante cerca de 40 minutos. Em sua fala, repleta de citações aos tempos de sindicalista, o petista voltou a criticar o teto de gastos aprovado em 2016 durante o governo do presidente Michel Temer. A PEC limita os gastos públicos durante um período de 20 anos.
“Não me peça para falar ‘ah, o teto de gastos’. Não tem teto de gastos em lei”, disse Lula aos apoiadores. “O teto de gasto é o da responsabilidade, eu aprendi com a dona Lindu”, declarou, em referência à sua mãe.
“O teto de gastos é decidido pela responsabilidade de quem governa. Quem governa sabe que só consegue gastar aquilo que vai arrecadar. E se tiver que fazer dívidas, vai fazer dívidas que possa pagar”, afirmou Lula.
Em sua fala, Lula também citou a criação de uma moeda única para a América Latina. “Se Deus quiser vamos criar uma moeda na América Latina para não ter esse negócio de ficar dependendo do dólar”, declarou, sem dar detalhes de como isso seria feito.
Críticas ao Judiciário e ao Congresso
A fala no evento do PSOL também teve críticas ao Judiciário e ao Congresso Nacional.
“Veja a judicialização da política, parece que tudo é decidido na Suprema Corte. Não pode ser assim. Os políticos não podem querer que o Poder Judiciário faça o que eles têm que fazer. O Poder Judiciário não tem que ficar dando voto pela imprensa. O voto se dá nos autos dos processos e ninguém precisa saber como votou um juiz”, disse o petista, sem citar nenhum caso específico.
Lula também voltou a criticar o Orçamento Secreto aprovado pelo Congresso Nacional e prometeu, se eleito, “acabar com a excrescência do orçamento secreto, acabar com essa historia do presidente da Câmara mandar mais que o presidente da República”.
Apoio do PSOL
O evento foi realizado em um hotel de São Paulo. Durante o anúncio da aliança com o PT, o PSOL apresentou a tática eleitoral e o programa que será defendido pelo partido no pleito eleitoral deste ano, com propostas que foram condicionais para o apoio à chapa petista — entre elas, a revogação da reforma trabalhista e do Teto de Gastos e a criação de um novo marco fiscal.
Lula também voltou a criticar o Orçamento Secreto aprovado pelo Congresso Nacional e prometeu, se eleito, “acabar com a excrescência do orçamento secreto, acabar com essa historia do presidente da Câmara mandar mais que o presidente da República”.
De acordo com a legenda, o PT acolheu as propostas com pequenos ajustes e se comprometeu a trabalhar para reverter “políticas neoliberais”. PT e PSOL negociavam a aliança eleitoral desde fevereiro. “Travamos nos últimos meses um intenso debate no interior do PSOL sobre a melhor tática para derrotar Bolsonaro” afirmou o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros.
O ex-presidente Lula confirmou publicamente, pela primeira vez, que será candidato às eleições presidenciais deste ano. “Eu estou de volta pra me candidatar à Presidência da República”, disse em um evento, na última quinta-feira (28) em Brasília ao lado de lideranças da Rede Sustentabilidade, que formou federação com o PSOL e também apoiará o petista. Oficialmente, o PT deverá lançar a pré-candidatura de Lula em maio.