Chaves, carteira, celular e… a máscara. Há quase dois anos, o item de proteção pessoal virou parte do checklist básico daquilo que é preciso ter em mãos na hora de sair de casa. No Brasil, o uso da proteção, no entanto, já começa a ser flexibilizado. Em sete capitais brasileiras já é possível andar nas ruas e também em espaços fechados sem usá-las. Outras 11 capitais liberaram em locais abertos, exigindo a obrigatoriedade em bares, restaurantes e casas de show. Na Bahia, pelo menos seis cidades já flexibilizaram também em espaços abertos (veja lista completa abaixo).
Diante de tantas decisões diferentes, fica a dúvida: é mesmo o momento de deixar as máscaras caírem? São diversas as opiniões que respondem ao questionamento. Entre os baianos existem os que desejam se livrar de vez do acessório, quem não se sinta seguro para aposentar a máscara ou quem deseje, pelo menos, não usar a proteção em locais abertos. A prefeitura de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, foi a última a retirar esta obrigatoriedade, em decreto publicado na quarta-feira.
Entre os médicos, o entendimento é de que a polêmica é natural. O infectologista e professor da Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Robson Reis, lembra que o uso do equipamento também foi questionado no início da pandemia. “Logo no início não era nem recomendado o uso de máscara pela população em geral. Era só para quem tinha sintomas e para os profissionais de saúde. Depois, se percebeu a importância, para diminuir a dinâmica de transmissão do vírus”, lembrou. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tornou o uso obrigatório de máscaras em junho de 2020.
Em sua maioria, os médicos baianos acreditam que já é seguro deixar de exigir o item pelo menos nos espaços abertos. A medida seria um primeiro passo para retirar por completo a obrigatoriedade do uso. “As medidas de flexibilização devem ser instituídas de forma gradativa para que se possa avaliar o impacto de cada uma das medidas”, detalha Reis. “É uma questão de tempo até que a gente também possa estar seguro para liberar nos espaços fechados, mas é preciso esperar entre 15 e 30 dias da primeira liberação para realmente perceber o impacto”, completa a infectologista Clarissa Ramos.
REALIDADES DIFERENTES –
Entre os fatores analisados para considerar o ambiente seguro estão o chamado fator RT (índice que mede o grau da transmissão da pandemia), média móvel de novos casos e a taxa de ocupação de leitos.
Na Bahia, atualmente os leitos de UTI tem ocupação de 22%. Do total de 538 leitos de terapia intensiva, 116 estão ocupados. Para os médicos, é justamente a diferença nos parâmetros em cada estado o que provoca tantas decisões diferentes pelo país. “Às vezes a realidade epidemiológica de um estado é completamente diferente do outro, sobretudo na cobertura vacinal. Existem estados do país que não atingiram 50% da população vacinada com a segunda dose e outros estados com mais de 80%”, compara Robson Reis.