Os moradores da Ilha Maria Guarda, na cidade de Madre de Deus, a 60 km de Salvador, comemoraram o aniversário da interdição de uma das pontes da cidade. Em forma de protesto, a comemoração contou com decoração e balões de festa, além de bolos e salgadinhos. Com a frase “1 ano sem ponte”, a população lembra o descaso da prefeitura com a região.
“A gente fez o aniversário para ver se chama atenção”, explica Silvane Vasconcelos, 40, moradora da ilha. “A prefeitura interditou [a ponte] em fevereiro do ano passado, dizendo que estava condenada. Não falaram nada com a comunidade, só interditaram e pronto”, se queixa.
De acordo com Silvane, a falta da Ponte do Apicum tem afetado bastante os moradores da ilha, que ficam reféns de meios mais caros para realizar tarefas do dia a dia ou precisam se deslocar até a Ponte Principal, longe de certas regiões.
“A ilha nao é tão pequena. Tem idoso, criança, gestante, pessoas que necessitam chegar com compras, saltar na maré, que vão trabalhar… isso afeta muito. Se for dar um socorro a um idoso, por exemplo, ou desce à praia ou vai até a Ponte Principal, que fica longe. Quando a maré está viazia, sem carona de canoa, ainda temos que pagar R$20 em um carrinho de carreto”, diz.
A moradora ressalta que o que torna a situação ainda mais crítica é a falta de manutenção também da Ponte Principal, o que pode deixar a ilha sem nenhuma estrutura de acesso. “A gente está só com a Principal, mas a qualquer momento vai desabar. A gente corre o risco de ficar sem nenhuma ponte e isso não vai demorar para acontecer porque a ilha está sendo bem visitada, vem muita gente, encosta muita embaracação. Não foi por falta de aviso, a gente está vendo a tragédia anunciada”, declara.
Há um mês, Silvane tentou marcar uma reunião com o prefeito Dailton Filho (PSB), mas ele não compareceu. Os moradores, então, conversaram com os vereadores do município, que afirmam que estão cobrando à prefeitura a manutenção das pontes, mas não recebem retorno. “É um descaso total”, avalia.
Em um vídeo registrado pela prefeitura em fevereiro de 2021, a administradora distrital da ilha, Lilian Vasconcelos, afirma que a problemática que envolve as duas pontes se arrasta há muitos anos. Presente na ação que interditou a Ponte Acupim, ela reforça que é de “é de extrema importância que aconteçam estas reformas ou até mesmo a construção de uma nova ponte porque a comunidade depende [delas] para se locomover” e critica as gestões anteriores que fizeram “obras maquiadas”.