Depois da ridícula entrevista do Ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, em pede aos brasileiros, para que não chorem, pois a energia teria apenas um pequeno aumento, somos obrigados a engolir calados, uma blasfêmia de tamanha grandeza, é porque ele não vive desempregado, ganhando salário de fome, sem saber se no final do mês compra comida, que custa o olho da cara no mercado, ou paga a energia, com mais um pequeno aumento. Lendo a coluna da jornalista Aline Midlej, faço questão de reproduzi-la aqui, pois é mais fácil chorar de alegria, com as conquistas dos atletas paralímpicos do Brasil.
Por Aline Midlej
“Ouro, ouro, ouro, ouro e ouro. Foram cinco medalhas de ouro nesta sexta-feira (27), no melhor dia do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio. A tentação é falar sobre a falta de conexão de autoridades brasileiras, que pedem pra gente não chorar porque é só um pequeno aumento na conta de luz, porque é só uma inflação passageira. Mas não, não vou chorar mesmo. Eu vou é sorrir com os heróis paralímpicos. Ouro, ouro, ouro, ouro e ouro… Vou aprender a pronunciar com precisão o nome de Yeltsin Jacques, o homem cego mais veloz do mundo, e que garantiu o primeiro ouro do atletismo nas Paralimpíadas de Tóquio, e foi para o Brasil.
Choro pelos quase 500 mil afegãos que devem se transformar em refugiados depois dos atentados essa semana na capital Cabul, de acordo com a ONU. E pelos quase 40 milhões que não sabem sobre o próximo minuto de suas vidas. Sinto pelos 19 milhões de brasileiros que não tem a opção de checar os preços no supermercado porque não têm nem condições, sequer, de chegar até lá. Mas nado feliz na piscina de orgulho em que os nadadores brasileiros brilham em Tóquio.
Vibro e celebro o novo fenômeno Gabriel Bandeira. O primeiro medalhista de ouro do Brasil nas Paralimpíadas – ao vencer os 100 metros borboleta da classe S14 – para deficientes intelectuais nesta quarta-feira (25). Para o outro ministro que defende a segregação dos alunos com algum tipo de deficiência, as lições do esporte, ensinam agora. Gabriel de 21 anos, descobriu que tinha déficit intelectual só aos 19. Em dois anos, levantou a bandeira do Brasil no lugar mais alto do pódio.
Bronze nas Paralimpíadas é sempre ouro. Carol Santiago, que nos deu a primeira medalha na natação feminina, aprendeu ampliar o foco de visão depois das complicações de uma doença congênita na retina. O que queremos enxergar?
Pode chorar, porque não está fácil. Mas não compre fuzil, não se desconecte da realidade, não silencie diante de narrativas oficiais que desprezam a dor de verdade. Peça ajuda, doe amor e, se puder, solidariedade. Ainda temos dois dias para espreitar nos jogos paralímpicos as melhores versões que podemos ser. Ouro, ouro, ouro, ouro e ouro. Não vou chorar, ministro. Vou sorrir com os heróis paralímpicos”
#PRONTOREPLIQUEI@JOTAJOTA.