Brasil: Aproximação de FHC e Lula movimenta cenário e políticos se manifestam

POLÍTICA REGIÃO METROPOLITANA

O encontro recente dos ex-presidentes da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), movimentou o cenário político e despertou diferentes sentimentos de tucanos e petistas. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, foi um dos primeiros a  reagir e reclamou que a aproximação não beneficia uma candidatura própria do partido, mesmo reconhecendo que ela “ajuda a derrotar o bolsonarismo”.

O PSDB chegou a soltar uma nota em que diz que o encontro dos dois gerava um “sinal trocado” para os seus apoiadores.

O ex-deputado, que chegou a ser líder da oposição na Câmara no governo Dilma Roussef (PT), foi seguido pelo deputado federal Aécio Neves, derrotado pela petista reeleita em 2014. Segundo o mineiro, a sigla precisa concentrar os esforços para encontrar um candidato “ao centro”, como seria o caso do nome do senador Tasso Jereissati, que tem ganhado força internamente.

“Lula nunca foi e nunca será opção no PSDB”, disse Aécio ao Estadão.

Também ventilado pelo partido para disputar a presidência em 2022, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, viu com naturalidade o almoço dos ex-presidentes, mas garantiu que não aceita ver o país retroceder.

“[…] Não aceito que o Brasil ande para trás. Confio que o FHC também não”, afirmou.

Após a reação, FHC escreveu no Twitter que vai apoiar o candidato que o PSDB apontar e que defende um nome próprio, mas reafirmou que caso no segundo turno Lula dispute com Bolsonaro, irá votar no petista.

“Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula”, tuitou.

Ex-ministro da Justiça no governo FHC, Aloysio Nunes vê em Lula m personagem importante para o tabuleiro eleitoral. “Estranho seria se não fosse candidato”, opinou, ao citar que o ex-presidente recuperou os seus direitos políticos.

O ex-senador por São Paulo confirmou ainda que a legenda vai ter candidatura própria e diz que está sendo discutida a possibilidade de realização de uma prévia para definir o nome. Além de Leite e Jereissati, o governador de São Paulo, João Doria, também é considerado um candidato dentro do PSDB, que pode usar o capital político adquirido com o reconhecimento pela aposta na CoronaVac.

Na opinião do petista Afonso Florence, deputado federal baiano, as reações diferentes dentro do PSDB eram esperadas, já que o partido hoje não se assemelha mais aquele que um dia esteve à frente da luta pela redemocratização. Segundo Florence, a geração que tem como representantes Bruno Araújo e Aécio Neves, é composta por “golpistas” que contribuíram para a queda de Dilma Roussef (PT) e hoje são aliados de Bolsonaro.

“A reação de Aécio não surpreende, ele é golpista, foi quem iniciou a desestabilização da democracia brasileira, que só ficou de pé porque, ele indo, levaria gente até mais ‘graúda’, mas é um cara descredenciado politicamente, e faz parte base do governo […] a reação dos tucanos golpistas é porque hoje estão na base de Bolsonaro”, afirmou o parlamentar em conversa com o grupo A TARDE.

Ciente da dificuldade e improbabilidade de uma aliança entre os partidos, Florence diz que o gesto de FHC foi muito mais individual, “de um ex-presidente com apreço à democracia”, do que necessariamente uma costura política.

“Lula e FHC são agentes políticos na atualidade, mas também são personagens da história brasileira. Aécio era garoto quando os dois estavam juntos na luta pela redemocratização […] não vejo possibilidade do PSDB vir conosco, mas FHC é um cara maduro, ele não é puro pragmatismo como Aécio e Bruno Araújo. Ele tem uma sólida formação intelectual”, analisou.

Outros nomes da esquerda também se manifestaram, como o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Ele usou as redes sociais para compartilhar uma foto dos dois ex-presidentes no encontro do último dia 12. O petista destacou que apesar das diferenças “ideológicas”, ambos concordam quanto à necessidade de “virar a página dessa história trágica”.

Outro que minimizou as “diferenças” foi o deputado federal do PSOL, Marcelo Freixo (RJ), que reivindicou o momento de buscar “consensos” para derrotar Jair Bolsonaro. “Parabéns a Lula e FHC pelo gesto de grandeza e responsabilidade com o país”, escreveu

adm

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