O Brasil e os outros países do Hemisfério Sul devem passar por uma diminuição de casos do coronavírus a partir de outubro, segundo um novo estudo realizado no país. Os dados da pesquisa Detecção Precoce da Sazonalidade e Predição de Segundas Ondas na Pandemia da Covid-19, coordenado pelo professor Márcio Watanabe, do Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), foram divulgados nesta sexta-feira (18/9), pela Agência Brasil.
Os pesquisadores concluíram que a transmissão da Covid-19 segue a mesma sazonalidade de outras doenças respiratórias, como H1N1 e gripe Influenza. Assim, o verão brasileiro, que começará em meados de outubro, irá provocar a diminuição de casos, enquanto o hemisfério norte, onde o inverno irá começar, terá aumento nos registros.
“A sazonalidade de doenças significa que existe um padrão anual, onde há um momento do ano em que a doença tem uma transmissão maior. No caso das doenças de transmissão respiratória, geralmente elas apresentam uma sazonalidade típica do período de outono e inverno, ou seja, elas têm uma transmissão maior e, portanto, uma quantidade maior de pessoas infectadas nos meses de outono e inverno”, explica Watanabe.
A sazonalidade de uma doença costuma ser detectada apenas depois de alguns anos de incidência, porém, com a Covid-19 foi possível verificar os picos mais rapidamente, em razão da quantidade de informação produzida por todos os países durante a atual pandemia. Com isso, o professor diz que se comprovou a repetição da sazonalidade verificada na pandemia de H1N1 em 2009.
“Isso acontece no mundo inteiro, mas como as estações do ano são invertidas entre o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul, os meses [da sazonalidade] também se invertem. Aqui no Brasil e no Hemisfério Sul, o padrão se estende dos meses de abril até julho. No Hemisfério Norte você tem um padrão da doença aparecendo de setembro-outubro até janeiro-fevereiro. Isso vale para praticamente todas as doenças respiratórias”, afirma.
Segundo o professor Watanabe, os modelos matemáticos mostram que a segunda onda no Hemisfério Norte será muito mais forte do que a primeira, também por conta da sazonalidade. “A tendência é que essa segunda onda na Europa e na Ásia será maior para muitos países do que a primeira onda, porque o período de transmissão lá é de setembro até março e a primeira onda lá começou no final de fevereiro, já no final do período sazonal. E aí ela foi interrompida”, explica.
“A sazonalidade ajuda a reduzir a transmissão, mas se afrouxar as medidas restritivas, vai ter uma força puxando para cima e outra puxando para baixo. Então, é importante que as as medidas sejam tomadas com planejamento e responsabilidade”, finaliza.