Mas, de acordo com a ABP, o suicídio pode ser evitado: para cada ato cometido, 20 tentativas são feitas. A psiquiatra Miriam Gorender, professora associada do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da UFBA (Universidade Federal da Bahia), e diretora secretária adjunta da ABP, alerta que um tratamento adequado consegue prevenir nove entre dez destas mortes. “Para prevenir o suicídio, em qualquer idade, não basta apenas falar ou acolher. É preciso agir e tratar”.
Como identificar que o jovem precisa de ajuda
De acordo com a psiquiatra, a população que comete suicídio começa em idade cada vez mais jovem, e a grande maioria dos transtornos pode começar, e muitos, de fato, começam, preferencialmente, na infância ou adolescência, com exceção da demência. “Infelizmente não há idade para adoecer, e mesmo crianças pequenas podem sofrer com doenças psiquiátricas e vai precisar de ajuda, inclusive para evitar o suicídio”.
Quanto aos sinais, os mais possíveis são as mudanças no comportamento:
• Isolamento, inclusive dos amigos e das atividades sociais
• Irritabilidade excessiva
• Impulsividade
• Tristeza constante
• Queda no rendimento escolar
• Dificuldade de relacionamento com pessoas da mesma idade
• Facilidade em adoecer e de sofrer acidentes (atração por comportamento de risco)
• Medo, ansiedade e preocupação excessivas
• Mudança de humor além do habitual
• Falta de interesse por atividades típicas dessa fase
• Alteração do sono
• Agressão física ou verbal muito acentuadas
Quando perceber se é algo mais grave ou apenas típico da idade
De acordo com os especialistas, as crianças, principalmente, têm mais dificuldade de verbalizar e expressar suas dificuldades, portanto é importante ficar atento e perceber se as mudanças no comportamento não são apenas manifestações típicas da idade, ou de fato algo mais grave. “Os pais, ou responsáveis, devem ficar atentos ao grau de sofrimento, de prejuízos à qualidade de vida, e da gravidade das consequências. Se há dúvida, a criança, ou adolescente, deve ser levada a um psiquiatra, de preferência especializado em Infância e Adolescência (PIA)”.
A psiquiatra orienta que, em primeiro lugar, o mais sensato é perguntar, sem julgamentos, o que pode estar acontecendo, e ouvir o que o filho diz. Se houver a suspeita de adoecimento ou risco de vida, tem que levar ao especialista para avaliação. “O procedimento deve ocorrer como se fosse qualquer outra doença”, orienta a psiquiatra.
Outros fatores e riscos
Associados a esses transtornos estão comportamentos e hábitos que, ao longo da vida, se tornam fatores de risco para a saúde e o bem-estar, como abuso de álcool e outras drogas, sobrepreso, obesidade e sedentarismo.
Fatores emocionais como rejeição, bullying, exclusão, falta de apoio, negligência com a qualidade de vida e ambientes sociais pouco promissores, além de fatores genéticos, contribuem para desencadear comportamentos que podem levar ao surgimento de alguns transtornos.