Um navio petroleiro da Libéria é apontado como suspeito de navegar pela rota do óleo que atingiu o litoral nordestino. De acordo com um levantamento feito pelo site G1, a embarcação é operado por uma empresa grega que saiu da Venezuela em agosto, desligou o sistema de rastreamento e passou oculto pelos radares da costa brasileira.
O site aponta que ele navegou por águas internacionais perto da costa brasileira no mesmo período que o óleo começou a aparecer nas praias do Nordeste. A Marinha do Brasil não dá detalhes sobre sua investigação, mas considera a possibilidade do envolvimento de um navio irregular entre as principais hipóteses para a origem do óleo que polui o Nordeste. A suspeita é que possa ter ocorrido algum acidente na transferência da carga em alto mar.
Desde maio, ao menos 14 petroleiros deixaram Puerto José, na Venezuela, e desligaram o seu sistema de monitoramento por no mínimo duas semanas, de acordo com análise da empresa de inteligência de dados Kpler, que “promove soluções de transparência no mercado de commodities”.
Conforme testes realizados pela Petrobras, o material encontrado nas praias brasileiras é uma mistura de óleos venezuelanos. A Marinha concentra suas investigações em uma área a cerca de 700 km da costa.
A embarcação liberiana citada ficou um mês fora dos radares desde que começou a navegar em 8 de agosto. O período coincide com as datas-alvo das investigações conduzidas pela Marinha e Polícia Federal. As manchas começaram a aparecer no fim daquele mês, na Paraíba.
Depois de pegar a carga e retomar sua rota, esse navio-fantasma liberiano ficou oculto dos sistemas por mais de um mês. Reapareceu perto da Malásia. Os analistas da Kpler avaliam que o caminho que ele passou, muito provavelmente, foi pelas águas internacionais ao longo da costa brasileira, indo pelo Cabo da Boa Esperança até a Ásia. A alternativa a essa rota seria o canal do Panamá, mas a tarifação e a fiscalização ali são bem mais rígidas.
O navio liberiano cujas datas de navegação coincidem com a investigação da Marinha carregou o equivalente a pouco mais de 1 milhão de barris de petróleo, o que daria 15,8 bilhões de litros, um volume que lotaria 318 mil caminhões-tanque.
A Marinha disse que notificou 30 navios de 10 nacionalidades que teriam passado pela costa brasileira entre 25 de agosto e 3 de setembro por suspeita de envolvimento no derramamento.