A Polícia Civil divulgou na manhã desta terça-feira (14), informações sobre as investigações que apuraram a morte de 69 cães que estavam em um abrigo localizado em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o inquérito, a morte de 20 animais foi causada por transporte inadequado, o restante dos cachorros morreu por envenenamento.
Em 14 de março, a responsável pelo lar temporário e seu marido estavam finalizando os preparativos para a mudança de endereço do abrigo. Os animais seriam transportados para Contagem, também na região metropolitana onde ficariam em um local maior.
Um motorista foi contratado para fazer o transporte dos 73 animais em caminhão adequado, mas cancelou o serviço. Foi então que o marido da proprietária sugeriu que os animais fossem levados dentro de um caminhão baú.
“Eles colocaram 73 cães dentro de um caminhão baú fechado, sem ventilação ou sistema de refrigeração. Não foram usadas caixas de transporte e os animais ficaram soltos dentro do compartimento de carga por 1h30”, explicou a delegada Stefhany Martins.
Segundo testemunhas, o marido da dona do abrigo acompanhou os 15 primeiros minutos da viagem no baú do caminhão junto com os animais, mas começou a passar mal em decorrência do calor e da falta de ventilação do local. Ele então passou para a frente do caminhão e prosseguiu viagem.
Um tempo depois, os animais começaram a parar de latir. Os funcionários então orientaram o homem a ir olhar o que estava acontecendo com os cães, mas o pedido foi ignorado.
Já no destino final, ao abrir o baú do caminhão, o casal se deparou com os animais extremamente debilitados, feridos e alguns mortos. Percebendo a situação, a proprietária afirmou para as testemunhas que faziam o transporte, que os cães haviam sido envenenados por terceiros, no intuito de se desvencilhar da culpa pelo transporte irregular.
As testemunhas também contaram que a mulher passou uma substância na boca dos cachorros afirmando ser carvão ativado, usado em casos de envenenamento para impedir a absorção completa do agente tóxico pelo organismo. No entanto, laudos da perícia técnica da PCMG apontam a ausência de carvão ativado no estômago dos cães e a presença do veneno popularmente conhecido como chumbinho.
O chefe do 2º Departamento de Polícia, delegado-geral Rodrigo Bustamante, afirma que os suspeitos “após terem provocado a morte de alguns cães por realizar um transporte de forma inadequada, envenenaram o restante dos animais que ainda tinham chances de sobreviver, com o intuito de ocultar a causa da morte dos primeiros cães dentro do caminhão e preservarem sua imagem frente ao trabalho que vinham desenvolvendo no lar temporário”.
A mulher que há 15 anos trabalhava nessa área era paga para ficar com os animais. A estadia custava mensalmente o valor de R$ 160 e um saco de ração. O transporte dos cães também havia sido pago pelos donos, o valor cobrado foi de R$ 30. O local para onde os animais estavam sendo levados tinha estrutura precária.
Dos 73 cães transportados, 69 morreram, 20 durante o transporte e o restante por envenenamento. O casal vai responder por maus-tratos e fraude processual.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz