Celebrar o papel da mulher na Capoeira. Esse é um dos objetivos do Encontro sobre Protagonismo Feminino na Capoeira, que acontece na próxima sexta-feira, dia 3. A atividade faz parte da segunda edição do Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência – Gingando pelo Mundo. A ideia central do encontro é fortalecer a participação da mulher destacando seu potencial, luta, história, ancestralidade e saberes. Esse é o segundo encontro do tema promovido pelo coletivo Capoeira em Movimento Bahia (CMB), o primeiro aconteceu em agosto de 2022, em Cachoeira.
Mesmo sendo um ambiente democrático, poucas mulheres alcançam o título de mestra e, muitas vezes, não são reconhecidas como professoras ou lideranças, apesar de desempenharem um papel essencial ao lado dos mestres. No Brasil, estima-se que 35% dos praticantes de Capoeira sejam mulheres. Num momento em que se discute a participação da mulher em todas as camadas da sociedade, também há uma luta por protagonismo feminino na liderança das Rodas de Capoeira, como aponta a Mestra Tartaruga, uma das organizadoras do encontro: “O papel da mulher na Capoeira é o de referência, de fazer a sua atividade que escolheu e abraçou com plenitude, podendo acessar todos os caminhos que a Capoeira abraça, sendo uma contramestra, uma mestra, sendo tocadora, sendo cantadora, sendo aluna mesmo. Treinando, podendo treinar, podendo entrar na roda quando ela quiser. Então é um papel de autonomia mesmo, protagonizar, coisa que já faz há muito tempo, só que nunca houve visibilidade.”
Tartaruga, que é capoeirista há mais de 30 anos, diz que busca mais igualdade: “Para mim o mínimo é eu poder falar de igual para igual, ter uma opinião respeitada, ter liberdade de fala, ter liberdade para escolher o instrumento que eu quiser tocar, a hora que eu quiser tocar. Jogar na hora que eu quiser, sem orientação e sem obrigação de ser na hora que alguém manda.”
Se há motivo para lutar, há também para celebrar. Esse ano foi lançado o primeiro projeto musical de capoeiristas do gênero feminino, o álbum “Ela é Mulher Capoeira”, lançado em janeiro. O projeto reuniu as canções gravadas em estúdio por mulheres capoeiristas do estado. As músicas serão apresentadas na abertura do evento, que tem ainda na sua programação oficinas, debates e uma Roda de Capoeira formada só por mulheres.
Atravessando todas essas ações está a luta das mulheres por menos violências e a afirmação da importância feminina para a história e continuidade da Capoeira. A presença da mulher é mais do que uma questão de inclusão é uma questão de reconhecimento e a Capoeira, como movimento de resistência, abraça essa luta.
Sobre as coordenadoras do encontro
Janja Araújo – Formada em História pela UFBA, possui mestrado e doutorado em Educação (USP) e pós-doutorado em Ciências Sociais (PUC/SP). Atualmente se dedica aos estudos sobre as mulheres nos contextos das culturas tradicionais e populares de matrizes africanas.
Ritinha Angoleira – Integrante da Escola de Capoeira Angola “Angoleiros do Sertão” desde 2008. A partir de 2009 passou a gerenciar os Encontros Internacionais anuais dos Angoleiros do Sertão, que acontecem na comunidade da Mantiba, zona rural de Feira de Santana, atuando como gestora.
Mestra Malu – Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN (PPGED/UFRN) e faz parte do Grupo de Pesquisa Corpo, Fenomenologia e Movimento. Membro do Grupo de Práticas Educativas Griô (CE/UFPB) e do Fórum de Capoeira de João Pessoa.
Contramestra Alegué – Licenciada em Educação Física; Bacharel em Educação Física; Licenciada em PedagogiaPós graduada em Educação Física Adaptada e Inclusiva; Pós Graduada em Docencia no Ensino Superior e Pós Graduanda em Reabilitação e prevenção de Lesões.
Mestra Carol – Formada em Educação física, desenvolve trabalho com a Capoeira escolar desde 1999. Divulgou a capoeira baiana feminina nacional e internacionalmente entre os anos de 2000 a 2008, dando oficinas em outros países, fazendo shows folclóricos e participando de Batizados de Capoeira ao redor do mundo.
Professora Odara – Técnica em Dança pela Escola de Dança da FUNCEB; Estudante de Licenciatura em Dança -UFBA;Dançarina e coreógrafa; Coogestora do Centro Cultural Aquilombar Capoeira. Ganhou do 1°lugar com música autoral no 1° Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência no Festival Maria Felipa.
Experimenta DiAlabama – Artista-professora de dança, capoeirista, artista do corpo, mãe e feminista. É uma “corpa” que dança na ginga de outras tantas histórias de mulheres.
PROGRAMAÇÃO – Encontro sobre Protagonismo Feminino na Capoeira
Local: Espaço Mestre Bimba (Teatro Xisto – Biblioteca Pública do Estado da Bahia)
Data: 03/05 (sexta-feira)
13h: Apresentação do grupo “Ela é Mulher Capoeira”.
13h15: Abertura.
13h35: Intervenção Artística – Poesia – Borboleta.
13h40: Roda de Conversa.
Tema: As Mulheres na Capoeira e seus Processos de Construção – diálogo entre o passado, presente e o futuro.
Convidadas:
– Mestra Janja (São Paulo/SP);
– Mestra Malu (João Pessoa/PB);
– Mestra Carol (Salvador/BA).
15h10: Intervenção Artística com a Professora Odara.
15h20: Intervalo.
15h40: Intervenção Artística com Experimenta DiAlabama.
15h50: Oficina de Musicalidade
Convidada:
– Contramestra Eleguá (Rio de Janeiro/RJ).
16h50: Oficina de Movimento.
Convidada:
– Ritinha Angoleira (Salvador/BA) e Roda de Encerramento.
SERVIÇO:
O QUÊ: 2º Encontro de Protagonismo Feminino / 2º Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência – Gingando pelo mundo.
QUANDO: 02 a 05 de maio.
ONDE: Biblioteca dos Barris.
www.capoeiraemmovimento.com.br
@capoeiraemmovimentobahia