Bahia presta queixa após torcedor do Vitória cometer injúria racial e comparar jogador Kayky a macaco em rede social

MUNDO

O Bahia prestou uma queixa na polícia após um torcedor do Vitória publicar em uma rede social, na noite de segunda-feira (30), uma comparação do atacante Kayky a um macaco. Após a repercussão negativa, a postagem foi apagada.

No post, o torcedor publicou uma foto da comemoração do atacante, que imitou uma galinha após o gol marcado no clássico do domingo (29), em Salvador. Logo abaixo, ele acrescentou a uma imagem de um macaco, fazendo uma comparação racista entre as duas fotos.

A comemoração de Kayky fez alusão ao Ba-Vi de 2018, que terminou após uma confusão generalizada que deixou o Rubro-Negro com uma quantidade de jogadores inferior ao mínimo permitido em campo. A partida foi encerrada com um triunfo tricolor por W.O., e, desde então, a galinha tem sido usada em provocações da torcida do Bahia.

“Racismo e injúria racial são crimes imprescritíveis e inafiançáveis. Fizemos a denúncia junto ao Twitter e a mensagem de ódio de um torcedor adversário foi apagada – mas o print é eterno. Conta igualmente denunciada e boletim de ocorrência realizado junto à Polícia Civil da Bahia”, disse a publicação do Bahia.

Em nota, a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia, autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Sudesb) repudiou o caso e se solidarizou com o jogador, que não falou sobre o assunto até a última atualização desta reportagem.

Segundo caso em uma semana

 

A injúria racial cometida contra Kayky é a segunda em menos de uma semana no Campeonato Baiano. Na quinta-feira (26), quando Vitória e Doce Mel se enfrentaram no Barradão, o goleiro do time visitante, Rodolfo, foi alvo de xingamentos discriminatórios.

Um vídeo da transmissão da partida, realizada pela TVE, identificou o momento do crime. “Seu macaco v***”, disse o torcedor enquanto o goleiro se preparava para recomeçar a partida.

No dia seguinte ao caso, o Vitória publicou uma nota de repúdio ao ocorrido no Barradão e disse trabalhar para identificar o criminoso. Até o momento, o clube não divulgou se teve sucesso na investigação.

Mudança na lei

 

No começo deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou uma lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo. Com a nova lei, punição para a injúria passa a ser prisão de 2 a 5 anos.

Ainda, segundo a proposta, o crime de racismo realizado dentro dos estádios terá também pena de dois a cinco anos. Isso valerá no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais.

O texto proíbe ainda a pessoa que cometer o crime em estádios ou teatros, por exemplo, de frequentar por três anos este tipo de local.

Em entrevista que foi ao ar no Globo Esporte no mês de janeiro, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, disse que devem ser adotadas medidas mais duras nesses casos.

“A gente sabe que isso não vai acabar se não for com medidas bem eficazes. Apenas a questão de uma multa, que depois paga e acabou, e na semana que vem, novamente, tem o mesmo problema, eu acho que quando pune, provando realmente que aconteceu naquele estádio, que o torcedor é daquele clube, eu acho sim que tem que tirar pontos e tem que tirar também mando de campo”, afirmou Ednaldo Rodrigues.

Torcedor do Vitória comete injúria racial contra o atacante Kayky — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Torcedor do Vitória comete injúria racial contra o atacante Kayky — Foto: Reprodução/Redes Sociais

adm

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