“Trilogia Leno Sacramento” aborda Teatro e Ativismo no Novembro Negro

ENTRETENIMENTO

O mês de novembro é emblemático no debate sobre as questões raciais, e a Trilogia Leno Sacramento vem com tudo para mais uma vez abordar temas importantes como políticas públicas, racismo, educação, emprego, infância e violência – não vamos parar. De 10 a 12/11 às 17h será possível ver os três monólogos, cada um em um dia diferente. No dia 10/11 17h temos EN(CRUZ)ILHADA (2018), onde o homem preto adulto, com lembranças espaçadas de infância, vive um tempo presente onde sempre é colocado em situações de risco e encruzilhadas. No dia 11/11 é a vez de NAS ENCRUZA (2019) que representa o tribunal das ruas, onde as palavras funcionam como facas através de falas preconceituosas que inundam o dia de muitas pessoas tendo, em muitos casos, virado a paisagem do local. No dia 12/11 fechamos com  ESCARRO INÍCIO (2022), onde ao mesmo tempo em que o ciclo se fecha, ele também se (re) inicia, pois começa com um parto indesejado. A trilogia remonta uma trajetória de nascimento e morte que se repete, sem que a história mude na vida do cidadão preto. São muitos nascimentos sem que a realidade externa violenta se transforme e os acolha.

Leno Sacramento é ator do Bando de Teatro Olodum e faz parte de todos os espetáculos de repertório do grupo, que já se apresentou em diversas cidades do Brasil e países do mundo, a exemplo de Portugal, Alemanha e Angola. Em 2017 estreou o seu primeiro monólogo – En(Cruz)Ilhada, e nesse mesmo ano estrutura uma método de aula para atores, onde utiliza a capoeira como ponto de partida para a preparação física e para a criação de cenas. Em 2018, um episódio marcante irrompe a vida do artista – por ser negro, é confundido com um bandido e leva um tiro da polícia em pleno dia, no Campo Grande. A ironia maior é que nesse dia não pode participar na Cerimônia de Premiação do Braskem, onde estava concorrendo como melhor ator do ano por seu trabalho em En(Cruz)Ilhada. Este episódio gera o primeiro livro do artista – Para Desgraça (2022) – que teve lançamento em Salvador, São Paulo, e já está sem sua segunda edição. Dentre seus trabalhos no cinema teve destaque em Besouro (2009), com direção de João Daniel Tikhomiroff, e Cidade Baixa (2005), com direção de Sérgio Machado. Atualmente está gravando o segundo filme Ó Paí ó com estreia prevista para o primeiro semestre do ano que vem.

Esta será a primeira vez que os três espetáculos acontecem juntos, em uma curta temporada sem patrocínio acolhida pelo Goethe-Institute, e que conta com o apoio do Coletivo4, Acervo Boca de Cena, Ouriçado e toda equipe do espetáculo.

Ficha Técnica da Trilogia Leno Sacramento:

Texto e Atuação – Leno Sacramento

Direção – Leno Sacramento e Roquildes Júnior

Trilha Sonora – Júnior Brito

Guitarra – Léo Lima

Bateria – Vinas Kabeça

Figurino – Agamenon de Abreu

Costureira – Saraí Reis

Iluminação – Fernanda Paquelet e Marcos Dedê

Designer – Heraldo de Deus

Assessoria de Comunicação – Eduardo Scaldaferri

Produção – Luciene Brito

Serviço:

Teatro do Goethe-Institute

10/11 às 17h – En(Cruz)Ilhada

11/11 às 17h – Nas Encruza

12/11 às 17h – Escarro Início

Valor: 20,00 e 10,0 (cada sessão)

Promoção: 50,00 e 25,00 (os três espetáculos)

Venda no local (Teatro Goethe-Institute) nos dias de espetáculo a partir de15h

Venda antecipada pelo Pix – 71991788135 (telefone)

(Favor enviar o comprovante para o mesmo número do Pix)

Sinopse de cada espetáculo:

En(Cruz)Ilhada

O monólogo discute vários temas sensíveis à comunidade negra, como trabalho, estudo, relações, brincadeiras de criança e genocídio. Mostra a vítima sendo conduzida de várias formas a muitas encruzilhadas, sem tempo para descanso. Um episódio de violência, ocorrido com o ator, quando foi baleado por policiais enquanto andava de bicicleta, é também pautado no espetáculo. “Quando eu fiz um ano [de espetáculo], eu tomei um tiro. E no espetáculo temos que falar sobre isso”, afirma Leno Sacramento.

Nas Encruza

No palco, cadeiras vazias aguardam o público para compor o tribunal das ruas. Organizados em círculos, os olhares voltam a atenção para um banco no centro da roda. Ali, um corpo negro será julgado como réu. A trilha sonora é composta por ruídos do dia a dia, briga de vizinhos, latidos de cachorro, encadeados por poesia e relatos verídicos de moradores negros de Salvador. O olhar e a língua matam mais que a bala.

Escarro Início

É um ato performático que traduz a indigesta realidade da população negra e pobre do nosso país, que ao nascer são rapidamente apresentados ao álcool, ao cigarro e às armas. São crianças que nascem e se tornam adultas sendo ludibriadas, em seus direitos à segurança, saúde, educação e cultura.

adm

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