A família que mora em um imóvel onde foi aberto um buraco que armazena água fervente, na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, será realocada. A informação foi divulgada pela prefeitura do município, que afirmou que a decisão segue relatório técnico e, apesar da gravidade, não há risco de explosão na casa.
Localizada no bairro Queimadinha, a residência tem um buraco aberto no hall de entrada onde a temperatura já chegou a 75ºC.
O secretário de Meio Ambiente de Feira de Santana (Semam), Antônio Carlos Coelho, informou que a recomendação é que os moradores do imóvel deixem o local porque ainda não se sabe quais gases e processos orgânicos estariam ocorrendo no subsolo da casa.
A família será transferida pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso). O gestor da Semam explicou que o órgão vai contactar um empresa especializada para monitorar o problema e saber a extensão.
“Esse serviço deverá ser prestado em caráter emergencial por dispensa de licitação”, informou.
Hilda Talma, professora doutora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que também analisou o fenômeno, reiterou que o problema é pontual e requer a instalação de piezômetros [equipamento que mede a carga de pressão] para diagnosticar e medir se existem gases sendo emitidos que causam explosões e riscos à saúde, como CO2, Óxido Carbônico, NOx, SOx e metano.
“Descartamos a possibilidade de explosão na superfície porque o teor de metano quantificado não causa risco. Mas, o gás formado na parte subterrânea é que nos causa maior preocupação. Teremos que quantificar esses gases que podem ser tóxicos também”.
Também participaram representantes da Defesa Civil e da Procuradoria Geral do Município (PGM).
Entenda o caso
A moradora Roseane Conceição descobriu o problema em 2019, depois do chão da casa ficar extremamente quente. Na época, ela quebrou uma parte do piso da casa, abriu um buraco no solo e encontrou água fervente brotando do chão. Para a água ferver ela deve atingir 100°C, o que significa que a temperatura ao longo do buraco é ainda mais alta do que a registrada.
“Moramos eu, meu filho e a minha mãe de 80 anos. Não sabemos o que fazer”, desabafou a proprietária.
Ainda em 2019, especialistas explicaram que a casa foi construída em cima da Lagoa do Prato Raso, um local aterrado sem a remoção de restos de plantas. Ao longo do tempo, a vegetação entrou em um processo químico de fermentação e produziu os gases carbônico e metano, que aumentaram a temperatura do chão.