Grupo Corpo homenageia Gilberto Gil e Caetano Veloso em apresentação no TCA

ENTRETENIMENTO

Na sua tradicional temporada brasileira do segundo semestre, o Grupo Corpo faz a festa para dois compositores baianos da mais alta esfera da MPB que completaram 80 anos em 2022: Gilberto Gil e Caetano Veloso, trazendo a Salvador os espetáculos “Gil”, em versão totalmente nova – com o aposto “Refazendo” – e “Onqotô”.

O programa reúne dois balés com música especialmente composta para a companhia pelos geniais baianos: “Onqotô”, de 2005, trilha de Caetano Veloso em parceria com José Miguel Wisnik; e “Gil”, de 2019, agora inteiramente refeito e rebatizado de “Gil Refazendo”, com trilha de Gilberto Gil. Com patrocínio premium do Instituto Cultural Vale; patrocínio master da ArcelorMittal; patrocínio Vivo e CCR, o espetáculo duplo será apresentado na Sala Principal do Teatro Castro Alves (TCA), no dia 22 de outubro, às 21h.

GIL REFAZENDOA trilha especialmente criada por um dos papas da música popular brasileira, Gilberto Gil, chegou às mãos de Paulo e Rodrigo Pederneiras em 2019. E ganhou sua primeira tradução cênica – “Gil”. Três anos depois – com a pandemia do Covid-19 no meio –, a música voltou ao palco em uma nova encarnação, no espírito de renovar, reconstruir, rever, reviver. Refazer. “É um novo espetáculo”, diz o diretor artístico da companhia, Paulo Pederneiras. O nome ganhou o aposto: “Gil Refazendo”. Assim como a música de Gilberto Gil, que se ergue na releitura de temas famosos do compositor baiano, o balé foi reconstruído. Inteiro.

A cenografia se apoia numa imagem de fundo em milimétrico movimento. “São imagens em zoom de girassóis que lentamente voltam à vida”, conta Paulo Pederneiras. Vestidos de linho em tom cru – moças de camisa sobre uma malha de duas peças, rapazes de calça e camisa de corte casual –, os bailarinos dançam sob luz “branca e simples”, diz Paulo. Na música, surgem frases e temas de canções de Gilberto Gil – retrabalhadas, mas perfeitamente reconhecíveis nas suas variações, sobre tambores ancestrais, distorções do aparato eletrônico, afoxé, modinha, berimbau e um naipe de sopros de pegada jazzística.

ONQOTÔA perplexidade e a inexorável pequeneza do homem diante da vastidão do universo é o tema central de “Onqotô”, balé que, em 2005, marcou as comemorações dos 30 anos de atividade do Grupo Corpo. Assinada por Caetano Veloso e José Miguel Wisnik, a trilha sonora tem como ponto de partida uma bem-humorada discussão sobre a “paternidade” do universo. De um lado, estaria a teoria do Big-Bang, a grande explosão primordial, cuja expressão consagrada pela comunidade científica mundial parece atribuir à cultura anglo-saxônica dominante a criação do universo; e, de outro, uma máxima espirituosa formulada pelo genial dramaturgo (e comentarista esportivo) Nelson Rodrigues sobre o clássico maior do futebol carioca, segundo a qual se poderia inferir que o cosmos teria sido “concebido” sob o signo indelével da brasilidade: “O Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada”.

Instrumentais ou com letra, os nove temas que compõem os 42 minutos de trilha estabelecem uma sucessão de diálogos rítmicos, melódicos e poéticos em torno das “cenas de origem” eleitas por seus criadores e do sentimento de desamparo inerente à condição humana. Na coreografia criada por Rodrigo Pederneiras, verticalidade e horizontalidade, caos e ordenação, brusquidez e brandura, volume e escassez se contrapõem e se superpõem, em consonância (e, eventualmente, em dissonância) com a trilha musical, desvelando significados, melodias e ritmos que subjazem ao estímulo sonoro.

Urdida com tiras de borracha cor de grafite, a cenografia de Paulo Pederneiras funda um espaço cênico côncavo que sugere tanto um recorte do globo terrestre com seus meridianos quanto um oco, um buraco negro, o nada ou a anterioridade de tudo. Com todos os refletores fixados na estrutura metálica que sustenta a fileira de tiras, a luz projetada por Paulo Pederneiras imprime na cena uma iluminação que remete à dos estádios de futebol.

A figurinista Freusa Zechmeister transforma os bailarinos em uma massa anônima que se funde (e se confunde) com o espaço cênico, permitindo deste modo que coreografia e cenário exerçam plenamente sua tridimensionalidade.

SERVIÇOGrupo Corpo – “Gil Refazendo” e “Onqotô”Quando: 22 de outubro de 2022 (sábado), 21hOnde: Sala Principal do Teatro Castro AlvesQuanto:R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia), filas A a PR$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), filas Q a ZR$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), filas Z1 a Z11Classificação indicativa: 14 anos

VENDASOs ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Castro Alves (clique aqui para informações de funcionamento) ou no site e aplicativo da Sympla (www.sympla.com.br).

adm

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