Em entrevista, reitor fala sobre novo livro e cortes contra as universidades federais

EDUCAÇÃO

O reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Carlos Salles, disse em entrevista à Rádio Metropole, nesta quarta-feira (15), que as universidades federais organizam ato nacional diante de cortes impostos ao orçamento das entidades pelo governo Bolsonaro. O ato acontece no próximo dia 21. Segundo o reitor, os cortes farão o orçamento da Ufba perder mais de R$ 6 milhões. O valor é o correspondente ao necessário para custear despesas fixas de toda universidade por um mês.

 

“Mais uma vez nós vamos fazer um ato, porque o governo agora fez um corte. Depois de fazer um bloqueio agora ele retira valores do nosso orçamento. É um cenário de defasagem orçamentária inédita para o cenário de universidades federais” , disse o reitor. A mesa da Ufba, que acontece dentro de uma programação nacional, está marcada para às 10h com o tema “Contra o obscurantismo, em defesa da ciência, da educação, da cultura e das artes”.

 

“Não é apenas defender o investimento na ciência, é defender essa forma de vida que é a universidade. Um lugar onde todas as áreas de conhecimento podem e devem se afirmar, dialogar. Um lugar de democracia, de construção democrática”, acredita Salles.

 

Para o reitor, que finaliza seu segundo mandato em setembro, a universidade tem papel fundamental que vai além da formação profissional. “A universidade é um lugar onde também acontece uma banalização do mal, quando se diminui e se pensa que é apenas um lugar para oferecer diplomas e não um projeto maior. O cidadão que chega à universidade já enfrentou desigualdades e preconceitos prévios. Cabe a universidade acolher e construir essa igualdade de direitos efetivamente. Construir a possibilidade do diálogo, o espaço público”, detalhou.

 

NOVO LIVRO

 

Durante a conversa, João Carlos Salles, contou a Mário Kertész detalhes de seu novo livro, que será lançado às 10h desta quarta (15). A obra “Enrst Cassirer e o Nazismo – e Outros Textos Sobre a Proximidade do Mal” publicada pela Editora Noir, estabelece uma relação entre a ascensão do nazismo na Alemanha e a atual conjuntura política brasileira, com a ascensão de ataques à educação e às instituições democráticas.

 

Salles então comparou o contexto alemão com o vivido no Brasil atualmente. “O mal que esse livro se refere, é o da destruição do espaço público, da possibilidade da comunicação, de projetos comuns, e também, a destruição da identidade do indivíduo. O mal é o que nega, o que separa, divide. Não apenas a violência ou a força, mas a ameaça constante. Uma ameaça com a qual as pessoas se acostumam, porque elas se tornam insensíveis, começam a achar não grave o que está acontecendo no país. Se adormecem, e não se mobilizam, podem aceitar um mal maior”, finalizou

adm

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