Unidades de saúde e leitos criados para atender pacientes com covid serão desmobilizados em Salvador a partir de segunda-feira (28). O encerramento será gradativo, mas a quantidade de leitos e os nomes das unidades que serão fechadas primeiro ainda não foram divulgados. Segundo a prefeitura, a medida está sendo tomada após a queda nos números da pandemia e depois de o Governo Federal suspender o repasse de recursos para o financiamento desses espaços.
O anúncio foi feito pelo prefeito Bruno Reis (DEM) durante a inauguração de uma Unidade de Saúde da Família, no Vale da Muriçoca, na Federação, nesta quinta-feira (24). O gestor disse que o Município vai continuar prestando serviço para a população, mas que terá que fazer ajustes para conseguir manter o funcionamento do sistema.
“Não faz sentido estar com 46% de ocupação e estar pagando por leitos [vazios]. A partir de segunda-feira não tem mais recurso federal, vai ser tudo com financiamento próprio da prefeitura, então, o que pudermos fechar será fechado”, disse.
Ele citou o gripário de Pirajá/ Santo Inácio, que tinha apenas três pacientes nesta quinta-feira, como exemplo de estruturas que estão tendo baixa demanda. Bruno Reis disse também que está avaliando a situação das quatro Unidades de Saúde da Família (USF) que foram transformadas em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), em janeiro, nos bairros de Pirajá, IAPI, Itapuã e Imbuí. Algumas delas vão voltar a condição inicial.
“Vou me reunir com minha equipe de saúde e avaliar os números, mas já informamos aos prestadores que a partir de segunda-feira nós vamos suspender aquelas unidades que não estão tendo demanda. Não justifica ficar com leito aberto se não tem paciente. Se daqui a 15 dias ou um mês os números voltarem a subir e for necessário, a gente mobiliza os leitos novamente. Nós mobilizamos, em 50 dias, 229 leitos”, afirmou.
Durante o surto de gripe e de covid, no final do ano passado, a prefeitura reabriu os gripários do Pau Miúdo, de Pirajá/ Santos Inácio e da ilha de Bom Jesus dos Passos. Além disso, quatro USFs foram transformadas em UPAs, a tenda dos Barris foi reativada e foi ampliado o número de leitos do Hospital Sagrada Família, no Bonfim.
“Essa semana anunciamos a contratação de serviços específicos para pessoas com HIV, e o chamamento para cirurgias eletivas, exames e consultas especializadas. Essa é a prioridade agora. Daqui a alguns dias começam as filas nas portas do multicentros, porque as pessoas vão voltar ao sistema de saúde que elas não estavam procurando antes [por conta dos surtos]. É uma demanda reprimida. Estamos nos preparando, comprando serviços na rede privada, mas isso tudo é dinheiro e para ter dinheiro nós vamos desmobilizar os leitos”, afirmou.
A decisão do Município deixou a população dividida. A recepcionista Angélica Souza, 40 anos, acredita que a medida foi precipitada. “Seria melhor aguardar o período do carnaval passar para depois fazer esse fechamento. Sempre depois de um período de festas a gente vê o número de casos subir, então, deveriam segurar mais uma ou duas semanas antes de sair fechando os leitos”, opinou.
O motorista por aplicativo Eliomar Nunes, 51, discorda. “Se os números estão baixos é melhor usar o dinheiro público que está sobrando em outras áreas. Ele [o prefeito] está dizendo que é possível reabrir tudo de novo se a situação ficar complicada, então, não vejo problema em fechar”, disse.
No começo da semana, a prefeitura anunciou que o fator RT, índice que mede a transmissão da covid, teve o resultado mais baixo desde o início da pandemia em Salvador, 0,15. A quantidade de casos ativos da doença também caiu e a ocupação dos leitos de UTI (46%) e clínicos (44%) está abaixo da metade.