Baiana que vive na Ucrânia relata momentos de pânico e fuga do país

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Uma brasileira que mora na Ucrânia relatou ao g1, nesta quinta-feira (24), que os homens ucranianos não podem sair do país e que aguardam a convocação pelo Exército para o voluntariado no conflito armado. A Rússia invadiu e atacou regiões ao sul e norte do território ucraniano, nesta madrugada.

“Estamos indo para a Polônia porque eles ofereceram apoio nas fronteiras para refugiados. Meu marido ficou, pois todos os homens agora estão no aguardo da convocação”, disse Iasmin Avhustovych, baiana de 29 anos casada com um ucraniano há seis meses.

Ela, que é professora de inglês, mora na cidade de Terebovlya, região de Ternopil, no oeste do país. Por causa da insegurança, ela e uma amiga da família buscam refúgio na Polônia, um dos países vizinhos. Durante a conversa, Iasmin estava em deslocamento, de carro.

“A guerra já começou para a gente. Meu marido achou melhor que eu fosse para a Polônia, ainda que eu não quisesse. Por enquanto, as notícias que temos são de ataques em todo o país, especialmente em áreas militares, e que as sirenes de emergência indicarão a necessidade de ir a uma base de proteção”, explicou.

Os principais pontos atacados pela Rússia ficam nas cidades de Kherson, Kharkiv (Carcóvia) e Mariupol, onde a situação está sendo controlada. Por causa da iminência de novos ataque, o governo ucraniano recruta homens voluntários em bases espalhadas pelo país.

Segundo Iasmin, grande parte dos homens ucranianos possuem treinamento militar. Muitos deles se armaram nos últimos dias, com o crescimento da tensão entre os dois países europeus. Com a convocação do Exército ucraniano, os homens então passarão por um breve treinamento, antes do conflito com os soldados russos.

Recebemos um mapa com a notificação dos pontos de ataque. Tem comboios pelo caminho e, no resto do país, parece que a situação se acalmou. O leste continua bem tenso. Quase todos os homens têm algum treinamento militar, e com os últimos acontecimentos, muitos se armaram”, contou.

“Eles [governo da Ucrânia] estão recrutando abertamente voluntários. Não é exatamente dando armas. Tem pontos de recrutamento, mas ainda assim, eles [homens] precisam treinar minimamente antes de realmente ir para o fronte”.
A professora também detalhou as orientações dadas pelo governo da Ucrânia, tanto para os cidadãos europeus, quanto para os estrangeiros.

“Estrangeiros devem sair do país de carro, se possível. Pessoas nas zonas não afetadas devem preparar mochilas de emergência com itens básico, e não sair de casa. Caso necessário, a sirene indicará a hora de ir para um dos pontos de segurança subterrâneos. Quem não puder ir, ficar em ambientes sem janelas, como os banheiros, e tentar ao máximo se proteger”, pontuou.

A Embaixada do Brasil em Kiev, capital da Ucrânia, também encaminhou orientações para quem está no país.

A recomendação mais recente é de que os brasileiros que puderem se deslocar por meios próprios para outros países o façam o mais rápido possível, após se informarem sobre a situação de segurança local. Quem não tiver como sair, deve entrar em contato com a embaixada por um número de emergência.

Várias saídas das principais cidades da Ucrânia estão congestionadas por causa do fluxo de saída das pessoas que tentam fugir do conflito armado com a Rússia. Iasmin passa por um desses pontos com a amiga e os dois filhos dela. Ela relatou também a tensão a caminho do refúgio.

“Eu não tenho filhos, mas posso entender o medo que estamos agora. Meu marido ficou, minha amiga teve a sorte de o marido estar fora do país. No fim, ela vai conseguir se juntar a ele. Por enquanto, estamos mais tranquilas, já passou o susto inicial. Uma das crianças é bebê ainda, então nem entende. A outra, a gente fala que vai precisar sair para encontrar o pai dela”, ponderou.

Depois de chegar na Polônia, a professora pretende ir para a Itália encontrar a sogra que mora lá. A expectativa dela é de que a situação se resolva, já que o casal estava com viagem marcada para o Brasil nas próximas semanas.

“Estamos tentando sair. Depois eu vou para lá [Itália], mas nem meu marido nem a irmã dele podem sair. Ele, por ser homem; ela, por ser policial. Eu espero que ele consiga sair, estávamos com viagem marcada pro Brasil em menos de quatro semanas. Era a primeira vez no Brasil depois do nosso casamento”, desabafou.

Fonte: G1

adm

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