Há exatamente 20 dias, a região conhecida como Ayrton Senna, no bairro de Sussuarana, em Salvador, não é mais a mesma. É que a execução, brutal, fria e filmada, do líder comunitário Eliezer Conceição Costa, de 58 anos, mexeu com a rotina e trouxe mais medo à população. Nesta segunda-feira (24/1), apuração da reportagem do Aratu On junto a moradores que não aparecem por medo identificou o bandido que seria mandante do assassinato.
Ele é apelidado de “Gordo”, uma das lideranças da facção Bonde do Maluco no bairro do Novo Horizonte. Na filmagem, que apresenta pelo menos 14 disparos e mostra Eliezer já morto, o traficante aparece com uma pistola em mãos. O criminoso que filma chega a pedir a arma ao comparsa. “Deixa eu dar um, ‘Gordo’ [tiro de pistola]”, solicita.
O vídeo, que não é reproduzido por conta do teor de violência, não mostra se a pistola é repassada.
Além de “Gordo”, pelo menos outros três homens participam do crime. Um deles, que aparece esfaqueando a vítima, foi preso no último dia 14 de janeiro durante ação da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar. Inicialmente, ele foi detido com drogas, mas foi reconhecido como um dos executores e encaminhado à Polícia Civil.
FAMÍLIA DEIXA BAIRRO
Quem aceita falar com a imprensa, demonstra medo. O sentimento é igual ao da família de Eliezer. Os moradores ouvidos pela reportagem do Aratu On garantem que, um dia depois da execução, todos deixaram a região – inclusive crianças, que não entendiam o que estava acontecendo -.
Até inquilinos do líder comunitário foram obrigados a sair dos imóveis por medo de uma retaliação.
O medo pode ter relação com a motivação do ato. Oficialmente, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) não deu detalhes, mas a suspeita, apurada pelo Aratu On, é que os traficantes teriam ficado irritados por acharem que o líder comunitário seria um X-9, apelido dado às pessoas que passam informações à polícia.
POLÍCIA NA “COLA”
A reportagem do Aratu On ouviu, sob promessa de anonimato, de oficiais da 48ª CIPM que a identificação de “Gordo” é verídica e que a “resposta” será dada nos próximos dias.
A Polícia Civil, por outro lado, foi provocada para dar detalhes acerca das investigações que cercam a execução de Eliezer. A corporação prometeu apurar com o DHPP.