O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), encaminhou nesta segunda-feira (10/1) à Câmara de Vereadores o Projeto de Lei do Plano Municipal de Saúde Mental que, segundo o secretário municipal de Saúde (SMS) Leo Prates, será uma das maiores preocupações por conta de uma iminente pandemia de saúde mental, consequência da própria pandemia da Covid-19. O alerta ocorre em meio ao “Janeiro Branco”, campanha que chama atenção para o tema.
“Nós estamos nos preparando para o que os especialistas chamam de sequelas pós-Covid, apesar já estarmos vivendo muita coisa. O principal ponto que eles chamam é a parte de saúde mental. Iremos realizar agora, em janeiro, a Conferência Municipal de Saúde Mental. Nos preparamos que a pandemia passe, mas viveremos uma pandemia da saúde mental”, disse Prates, em entrevista coletiva semipresencial concedida à imprensa, no Palácio Thomé de souza.
O titular da SMS relatou que, durante a pior fase do enfrentamento ao novo coronavírus, ainda no ano passado, teve crises de ansiedade. “Para vocês terem uma ideia, eu nunca precisei usar nenhum tipo de remédio. Fico doente com muita dificuldade. No auge do ano passado, tive que tomar remédio para ansiedade de tão ansioso que eu estava naquele momento, preocupado com as pessoas”, contou.
Para agregar ao plano que foi enviado à Câmara, o secretário indicou que, ainda neste mês, equipes da secretaria devem ir a Aracaju, considerada referência nacional ao tratamento da saúde mental, para trocar experiências.
“Aracaju é a cidade referência em saúde mental, porque todos os CAPs [Centros de Atenção Psicossocial] são 24h, todos os serviços estão preparados. Conversei com o prefeito Edvaldo [Nogueira], que é do meu partido, o PDT, e estamos marcando uma visita lá. Nossa meta é alcança-los. Nós vamos, ainda em janeiro, fazer uma visita. A ideia é que todos os serviços possam ser 24h aqui”, explicou.
De acordo com Bruno Reis, a ideia é implementar diretrizes que deverão ser seguidas por qualquer prefeito que administre a cidade. “Que nós possamos aprofundar, estabelecendo um plano, como nós fizemos com a cultura, com a infância e juventude, da assistência e saúde às crianças, como toda a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial. Enfim, haverá metas, prazos e marcos para entrega. O que vira lei, impõe todos nós a cumprir”, disse.
Leo Prates adiantou que as UPAs da Cidade Baixa e de Valéria já dispõem de psiquiatras para dar início ao planejamento de cuidado à saúde mental.
“A ideia é que não haja os hospitais psiquiátricos, mas nós fomos muito criticados porque começamos a preparar as UPAs para a saúde mental porque a área antimanicomial, na minha visão, leva muito em consideração que o paciente não vai ter falhas no tratamento. O que acontece? Muitos pacientes entram em surto por não seguir o tratamento e, se não houver um tratamento de emergência para voltar ao tratamento, há problemas. A gente convenceu a área antimanicomial para a urgência se haver esse espaço”, concluiu.