As investigações da Polícia Civil apontam que uma criança assassinada minutos depois da mãe em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi morta por queima de arquivo. O suspeito do crime, Emanuel Monteiro Caires, de 35 anos, figurava na lista dos mais procurados de Minas Gerais.
Os detalhes do inquérito que investigou a morte da professora Jane Fátima Gandra, de 39 anos, e da filha dela, a pequena Camila, de 6, foram divulgados nesta sexta-feira (5). O crime aconteceu em 2017 e chocou os moradores do bairro Laranjeiras.
A polícia apurou que Emanuel, que é usuário de drogas, tinha um relacionamento com Jane. Os dois eram vizinhos. O delegado Otávio Luiz de Carvalho classificou o duplo homicídio como um “crime brutal” e disse que foi uma das ocorrências que mais marcaram a carreira dele.
“Para a polícia, ele realmente matou a Jane por motivo passional, inclusive foram 35 facadas, um crime brutal, e matou a criança por queima de arquivo. A criança acorda, vê a mãe morta e vê ele. Então, para evitar que houvesse aquela testemunha, porque ele já era conhecido da criança, ele mata a criança”, disse.
O suspeito estava foragido há quatro anos. Ele foi encontrado na casa da mãe dele, no dia 21 de outubro, em Almenara, no Vale do Jequitinhonha.
De acordo com o delegado, neste período, o suspeito ficou escondido na Bahia, vivendo de bicos. Ao ser preso, ele disse que não se lembrava de ter cometido o crime e alegou que estava sob efeito de drogas no dia do assassinato.
“Ele fala que estava surtado pelo uso de droga, teria feito uso de cocaína em grande quantidade e também de bebida alcoólica. E que não se lembra do que aconteceu. Ele se recorda de ter acordado todo sujo de sangue, se desesperou e fugiu”, afirmou o delegado.
Na época do crime, ao passar investigar Emanuel como suspeito, a polícia pediu autorização para a Justiça para cumprir um mandado de busca e apreensão na casa dele. No local, que estava abandonado e todo revirado, a polícia encontrou vestígios de sangue e, após realização de pericia, foi verificado que se tratava do material genético de Jane.
Segundo o delegado, Emanuel negou que tivesse um relacionamento amoroso com a vitima e disse que eram apenas amigos. Foi apurado que o suspeito tinha também uma outra namorada na época, que, inclusive, registrou um boletim de ocorrência quando em que ele fugiu, acreditando se tratar de um caso de desaparecimento.
Emanuel ‘Nino’ estava foragido há quatro anos — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Emanuel vai responder por homicídio duplamente qualificado, nos dois casos.
“Contra a mãe, ele não deu chance de defesa porque ela estava dormindo e segundo pelo feminicídio. Ele matou por questões de violência doméstica, por questões de gênero. E em relação à criança, não deu chance de defesa para ela e pelo fato de ter sido queima de arquivo”, afirmou Carvalho.