O Ministério da Saúde russo suspendeu o envio de 1,1 milhão de doses da vacina Sputnik V ao Consórcio Nordeste. O lote de imunizantes estava previsto para chegar no país nesta quarta-feira (28/7). Com a suspensão, não há novo prazo para entrega das vacinas. As informações são do jornal O Globo.
Segundo a publicação, haverá uma reunião entre governadores e o Ministério da Saúde russo para resolver o impasse que teria ocorrido após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, dizer, no dia 14 de julho, que o Brasil não precisa dos imunizantes Sputnik e Covaxin. De acordo com O Globo, o cancelamento foi uma decisão do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF).
O Consórcio Nordeste, formado pelos governadores de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, negocia para receber as doses e utilizá-las no Brasil amparado pelo mecanismo chamado importação excepcional e temporária, que permitiria que a vacina fosse aplicada em 1% da população de cada estado do consórcio.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado a importação em junho. Ainda de acordo com O Globo, o Fundo Russo espera uma definição se o governo brasileiro vai ou não incluir a Sputnik V no Plano Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Atualmente, integram o PNI os imunizantes AstraZeneca, Coronavac, Pfizer e Janssen.
Na semana passada, os russos haviam pedido um prazo de 48 horas para reavaliar como ficaria o envio de doses diante da fala do ministro da Saúde. Na ocasião, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), reclamou dos protocolos utilizados pela Anvisa para incluir o imunizante no PNI.
“O ministro gravou um vídeo praticamente descartando qualquer tipo de apoio ou de incorporação da vacina no PNI. Como isso foi numa entrevista nós formalizamos um documento ao Ministério e estamos solicitando uma reunião com o ministro para saber qual é a posição oficial, se o Ministério quer ou não a vacina para o Brasil”, afirmou.
O consórcio de governadores do Nordeste formalizou a compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V e confirmou a aquisição no dia 13 de março. No entanto, apesar do investimento, nenhuma dose chegou ao Brasil.
A vacina russa é aplicada em duas doses. De acordo com seus desenvolvedores, o imunizante apresentou eficácia de 91,6% nas fases três de testes. Seu uso ainda não ocorreu no Brasil, nem mesmo em estudos clínicos. Outros países, como a Argentina e a própria Rússia, aprovaram o imunizante e o utilizam em larga escala na população.