Moradores se reúnem e soltam espadas no bairro de Periperi, em Salvador; ‘guerra’ é irregular na BA

REGIÃO METROPOLITANA

Moradores do bairro de Periperi em Salvador se juntaram para soltar espadas, um tipo de fogos de artifício, na noite de segunda-feira (28). A prática é irregular na Bahia, por causa do risco à saúde e pelas queimaduras.

Mesmo proibida, a guerra de espadas se tornou tradição na noite de 28 de junho, véspera das comemorações a São Pedro. Muita gente se reuniu na rua, depois do toque de recolher determinado pelo governo do estado. Aglomeração e gente sem máscara foram registradas no bairro.

A Polícia Militar esteve no local para fazer uma operação de combate à prática. Mais de 10 viaturas e cerca de 50 policiais participaram da ação, que apreendeu veículos irregulares e abordou dezenas de pessoas.

No bairro, muitos moradores colocaram tapumes para proteger os imóveis dos fogos. Alguns deles, apesar de não saírem de casa para participar da guerra de espadas, gostam de acompanhar das portas, como o jovem aprendiz Marcos Paulo Neves.

“Estou só na expectativa. Me protegendo e vendo o movimento, não participo. Está proibido, como eu vou participar?”, questionou ele.

Ex-espadeira, a técnica de enfermagem Rejane Alcântara também acompanhou a movimentação. Na casa dela, a tradição passou para os filhos.

“Eu tenho amor a essa tradição bonita. Acabou e eu deixei para meus filhos. Sou a favor, desde que não tenha briga, que não tenha essas motos com velocidade para atropelar alguém. Mas, no geral, é uma festa muito bonita”.

Espadeiro, o autônomo Paulo Victor pediu a liberação da prática de guerra de espadas, mesmo reconhecendo que a atividade é perigosa.

“O povo quer soltar espada, então libera. Que agonia é essa? [Está] Todo mundo de máscara, cada um no seu canto. Libera a guerra de espada. Perigoso é, mas quem está aqui quer se queimar. A gente sabe pegar, sabe soltar, então libera, Mesmo sendo contra a lei”.

A presença da PM não intimidou o grupo de espadeiros, que chegou a arremessar uma espada e bombas em direção às viaturas. Outra espada chegou subiu na fiação elétrica. A policia usou gás lacrimogêneo para dispersar a população.

“Nós estamos com o policiamento reforçado. Nós temos aqui o pessoal da Sedur, nós temos a Operação Sílere, nós temos o apoio do Batalhão de Choque, o policiamento da Rondesp, com o efetivo convencional aumentado, justamente para fazer efeito a essa demanda. O policiamento vai ficar até quando houver necessidade. A previsão é de que o evento perdure até no máximo 4h, mas se precisar de mais tempo nossa tropa ficará”, disse o comandante da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), Luís Paulo Neri.

adm

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