A atriz Mabel Calzolari, 21, morreu na terça-feira, 22, de uma doença rara, a aracnoidite torácica, inflamação grave que afeta o sistema nervoso central. Junto com a lamentação pela perda, muita gente se perguntou que doença é essa e, diante dos medos agravados pela atual pandemia, se o mal seria contagioso. O neurologista pediátrico Luan Guanais, no entanto, esclarece que não se trata de infecção transmissível e que, caso seja diagnosticada em tempo, a doença tem tratamento.
Mabel atuou em Malhação e em Orgulho e Paixão, de 2018. Os sintomas da atriz começaram depois do parto do filho Nicolas, em 2019. Após a cesárea, ela teve crises de cefaleia. Com o passar do tempo, as dores evoluíram para as costas, causando falta de ar, desequilíbrio, perda da sensibilidade das pernas e incontinência urinária. Mabel passou por nove cirurgias na coluna entre dezembro de 2020 e junho de 2021.
O neurologista pediátrico Luan Guanais já acompanhou poucos casos da doença em Salvador, em crianças que tiveram meningite bacteriana ou neurotuberculose. Nenhum morreu. “É muito raro que a pessoa morra de aracnoidite”, diz o médico. Segundo ele, a doença tem cura. “Os sintomas podem se estabilizar e não evoluir com piora do quadro clínico. O principal objetivo do tratamento é aliviar a dor e controlar a inflamação com analgésicos, anti-inflamatórios e corticoides. Nos pacientes com dor crônica, além de medicação, podem fazer tratamento com estimulação medular”, detalha.
O neurocirurgião Fabrício Marques acrescenta que, em geral, “a inflamação por si só não causa morte. Pode ter acontecido alguma complicação associada à doença [no caso da atriz] e é difícil supor o que foi. É mais comum que a doença cause dor, fraqueza, mas não a morte”.