A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta quinta-feira (8), o vereador carioca Dr. Jairinho (Solidariedade) e Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, que morreu em 8 de março. A investigação apontou que o menino foi assassinado.
Ainda segundo os investigadores, Dr. Jairinho agredia o menino com chutes e golpes na cabeça e Monique sabia disso pelo menos desde fevereiro. O casal também é suspeito de atrapalhar as investigações e de ameaçar testemunhas para combinar versões.
Os mandados foram expedidos, nesta quarta-feira (7), pelo 2º Tribunal do Júri da Capital. A prisão é temporária, com duração inicial de 30 dias.
Mudança
Os investigadores passaram a acompanhar os passos do casal há dois dias e, na noite desta quarta-feira, descobriram que eles não dormiram nas casas dos familiares em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Jairinho saiu da casa do pai, o ex-deputado estadual Jairo dos Santos, conhecido como coronel Jairo, com uma mochila e buscou a mulher na casa dos pais dela, de onde eles seguiram para outra casa na mesma região, onde passaram a noite.
Acidente descartado
Desde o dia 8 de março, os policiais ouviram pelo menos 18 testemunhas e reuniram provas técnicas que descartaram a hipótese de acidente, levantada pela própria mãe da criança no termo de declaração na delegacia.
Além de dois laudos periciais, de necropsia e de local, dados extraídos dos telefones celulares do casal, apreendidos no último dia 26, formaram um conjunto de elementos para embasar o pedido do delegado Henrique Damasceno, que comanda as investigações.
Os policiais descobriram ainda que, após o início das investigações, o casal apagou conversas dos telefones celulares. Há a suspeita, inclusive, que eles tenham trocado de aparelho. A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) usou um software israelense, o Cellebrite Premium, comprado pela Polícia Civil no último dia 31 de março, para recuperar o conteúdo.
Em relação a Monique, mãe de Henry, que namorava o vereador desde 2020, os policiais levantaram informações sobre o comportamento dela após a morte do filho, que chamou a atenção. Primeiro, porque ela chegou a trocar de roupa duas vezes até escolher o melhor modelo, toda de branco, para ir à delegacia.
Outra que, no dia seguinte ao enterro, Monique passou a tarde no salão de beleza de um shopping na Barra da Tijuca. Três profissionais cuidaram dos pés, das mãos e do cabelo da professora, que pagou R$ 240 pelo serviço.
Ação violenta
A primeira importante prova que chegou às mãos dos investigadores foi um laudo assinado pelo médico legista Leonardo Huber Tauil, feito após duas autópsias realizadas no cadáver da criança, nos dias 8 e 9 de março.
No documento, o perito do Instituto Médico Legal (IML) descreve que a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou “grande quantidade de sangue no abdômen”, “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.
A causa da morte foi por “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”. Os especialistas descartaram, então, a hipótese de acidente.
Além do laudo cadavérico, a Polícia Civil reuniu mais uma prova técnica que desmonta a tese de acidente. No último dia 1º de abril, investigadores e peritos do ICCE estiveram pela terceira vez no apartamento, onde fizeram uma reprodução simulada ao longo de quatro horas.
Os peritos calcularam todas as possibilidades: uma queda da própria altura; a queda da cama; a queda de uma poltrona que ficava ao lado da cama; e a queda de uma escrivaninha, e em nenhum dos cenários as lesões seriam provocadas.