Diagnóstico e tratamento do câncer de pele necessitam ser priorizados mesmo na pandemia

SAÚDE

A pandemia tem levado a população a evitar os hospitais e consultórios, comprometendo o diagnóstico do câncer de pele e consequentemente o tratamento precoce. Com isso, liga-se ainda mais o alerta dos médicos para a prevenção da doença, neste mês de dezembro, marcado pela Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele. Estima-se que para o ano de 2021 sejam diagnosticados 83.770 novos casos de câncer de pele não melanoma em homens e mais 93.160 nas mulheres. Já o melanoma são apenas 4.450 casos no total.

O Diretor do Núcleo de Cirurgia Oncológica do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Dr. André Bouzas, explica que cânceres de pele do tipo não melanoma são divididos em carcinoma basocelular ou espinocelulares/epidermoides. Uma neoplasia que tem como principal fator etiológico a exposição solar.

Com a chegada do verão, marcado para começar no dia 21, época de temperaturas elevadas e calor mais intenso, os cuidados devem ser redobrados para se prevenir da doença. Mesmo no cenário de pandemia, grande parte da população tem ido à praia e se expõe ao sol, sem proteção. “É fundamental seguir todas medidas que reduzem o risco de desenvolver o câncer de pele. Devemos evitar exposição nos horários de maior incidência dos raios solares (9-15h), usar protetor solar (fator de proteção mínimo de 30), reaplicando a cada 2h, usar roupas escuras e de tecido espesso ou com fator de proteção solar”, informa o médico.

O aposentado, de 61 anos, Sydney Valença Summers, busca se proteger constantemente do sol, já que teve problemas sérios na pele. Há 17 anos, surgiram lesões na sua pele como manchas, que depois evoluíram para ferimentos, que não cicatrizavam e causavam dor quando sofriam impacto. “Tentei diversos tratamentos como a cauterização por nitrogênio, mas não surtiram efeito. Por isso, há dois anos tive que recorrer à cirurgia para a retirada de grande parte das lesões na mão, braço, ombro e cabeça. Hoje eu estou bem. Alguns pequenos sinais ainda ficaram por não haver necessidade real de retirada no momento, porém são acompanhados”, revela Sydney. Assim como os especialistas, ele recomenda que prevenção mais eficaz contra as doenças de pele, sobretudo o câncer de pele, é se proteger do sol. “Eu procuro manter todos os cuidados, evitando sol, uso protetor solar e não me exponho em horário com maior radiação. Assim vou vivendo em paz, sabendo que é o tipo de doença que é preciso prevenir”, complementa.

O tipo de câncer carcinoma escamocelular desenvolve nas regiões com mais exposições ao sol como orelha e couro cabeludo, tornando-se responsável por cerca de 20% dos tumores cutâneos não melanoma. O carcinoma acontece em todas as etnias e com mais assiduidade nos homens, além de apresentar uma evolução mais agressiva, podendo alcançar outros órgãos, se porventura não for retirado logo. Já o melanoma, embora não seja tão frequente, é o tipo mais grave. Muito comum em adultos brancos, pode aparecer em diversas partes do corpo, na pele ou mucosas como manchas, pintas ou sinais. Assimetria da lesão, bordas irregulares, múltiplas cores, tamanho maior que 6 mm e mudança do seu aspecto são sinais de que é preciso investigação.

Segundo André Bouzas o diagnóstico é realizado por dermatoscopia, porém em casos específicos é necessário fazer uma biópsia. O oncologista comunica que o tratamento dos cânceres de pele não melanoma geralmente é baseado na cirurgia com retirada total da lesão com margens de segurança. Como alternativas aos pacientes que não podem ser submetidos ao tratamento cirúrgico podem ser realizadas radioterapia, quimioterápicos tópicos e criocirurgia. “É muito importante que o tratamento seja feito por um especialista, já que mesmo a biópsia, feita de forma inadequada, pode atrapalhar ou mesmo prejudicar o tratamento do paciente. Em alguns casos, quando se detectam células do tumor nos linfonodos ou em outros órgãos, se faz necessário a utilização de tratamentos complementares, e nesse cenário a oncologia evoluiu muito nos últimos anos, ofertando a imunoterapia e a terapia alvo que são mais efetivas e tem o poder de controlar e até eliminar a doença totalmente”, diz Bouzas.

O médico também chama atenção de que se diagnosticado no início, o câncer de pele tem grandes chances de cura. “É preciso se proteger do sol sempre e prestar atenção nas pintas. Quanto mais pintas a pessoa tem, maior a chance de ter câncer de pele. Por isso, é importante observar alterações nas pintas e manchas do corpo. Reforço também a importância de não deixar de procurar um especialista durante a pandemia. Ao protelar o diagnóstico e tratamento, o paciente perde a oportunidade de diminuir os danos causados pela doença e que no limite é capaz de levar ao óbito”, recomenda.

adm

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