Vixe; Dinamarca vai desenterrar 17 milhões de visons que foram sacrificados para evitar mutação do coronavírus

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A Dinamarca anunciou que vai desenterrar quase dezessete milhões de visons, depois de um dos mais bizarros capítulos da crise sanitária que culminou no sacrifício de toda a população desses animais no país escandinavo. Os dinamarqueses tinham as maiores criações do mundo dos mamíferos, que são usados na produção de casacos, a partir da extração da pele.

Semanas depois do extermínio e do enterro em covas coletivas em unidades militares do país, centenas de corpos voltaram para a superfície. O fenômeno é causado pela expansão do gás na decomposição dos animais. Não demorou pra que o termo “visons zumbis” (zombie minks) se espalhasse pela imprensa européia. Dez mil toneladas de animais foram enterrados.

A decisão foi considerada ilegal pela justiça e provocou a renúncia do ministro da Agricultura dinamarquês. Uma cepa diferente do novo coronavírus foi detectada nesses animais e, mais tarde, em pelo menos 12 pessoas que trabalham nas fazendas onde eles eram criados. O argumento do governo dinamarquês é que a mutação poderia resistir às vacinas que estão sendo desenvolvidas e dar início a um surto, que poderia se tornar epidêmico e, no pior dos casos, uma nova pandemia.

A Organização Mundial da Saúde confirma que, além da Dinamarca, houve casos de transmissão do novo coronavírus dos visons para humanos na Espanha, Suécia, Holanda e Itália. “A OMS está acompanhando as mudanças genéticas no vírus da Covid-19 desde o começo da pandemia com um grupo de virologistas. Quando um vírus se move de humanos para população de animais como o vison e, depois, volta para os humanos, pode adquirir mutações únicas”, diz a nota do escritório europeu da OMS.

Em outros países, como a Itália, produtores resistem em sacrificar as criações e aguardam o término das investigações. O presidente da Associação italiana dos produtores de casaco de pele, Roberto Tadini, disse à Associated Press, que os dinamarqueses se precipitaram e que o cenário em seu país não é tão ruim. “Na Itália, a situação é diferente porque há um número menor de criações espalhadas por uma área muito maior. A Dinamarca tem 1.200 fazendas e é muito menor”.

Em entrevista à BBC, a professora Joanne Santini, da Universidade de Londres, disse que que os visons tornaram-se uma espécie de “reservatório para o vírus”. Foi o caso mais extremo encontrado até agora, “mas isso pode estar acontecendo em outros animais e nós apenas não sabemos ainda”.

Também não se sabe se a cepa do novo coronavírus encontrada nos visons seria resistente às vacinas que estão sendo desenvolvidas e qual a real capacidade dos animais em transmití-lo para humanos. Estudos patrocinados pela OMS e por governos europeus ainda estão em andamento. Trata-se de mais um ponto de interrogação em uma pandemia que ainda tem muitas perguntas sem resposta.

adm

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