Saiba o que representa a taxa de eficácia das vacinas contra a Covid-19

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Diversos laboratórios que estão em fase de produção de vacinas contra a Covid-19 apresentaram, neste mês, os resultados das taxas de eficácia dos imunizantes. Entre eles, está a norte-americana Moderna, com 94,5%; a Pfizer / BioNTech, com 95%; a desenvolvida pela AstraZenica em parceria com a universidade de Oxford, com eficácia de 70%; e a Sputnik V, desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Gamaleya de Moscou, na Rússia, que divulgou taxa de eficácia de 95%.

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Mas, afinal, o que significa estes números e o que se pode esperar para o futuro? De acordo com o imunologista Gustavo Cabral de Miranda, ainda é cedo para saber os verdadeiros significados destes percentuais, uma vez que, até então, são apenas números divulgados pelas empresas.

“Os dados ainda estão muito de divulgação, sem mostrar forma de análise. É para desanimar? Não, são dados muito bons, mas não para taxar diretamente que estas vacinas vão continuar neste número de eficácia”, pontua Gustavo.

O imunologista explica que também é precipitado falar que uma eficácia de 90% é melhor que uma de 70%.

“Até este momento, é precipitado falar que uma é melhor do que a outra. A de Oxford, por exemplo, apresentou 70%, mas eles falam que uma dose menor da vacina apresenta 90% de eficácia. A Moderna fala em uma semana 90% e, na seguinte, fala 95%”, comenta.

Imunologista Gustavo Cabral explica que ainda é cedo para entender os valores | Foto: Divulgação

Em meio a tantos números e porcentagens, o primeiro passo é compreender que a eficácia de uma vacina representa a sua capacidade de prevenir a doença pela qual ela está lutando, neste caso a Covid-19, causa pelo vírus Sars-Cov-2.

Logo, uma vacina que apresenta 95% de eficácia, significa que 95 pessoas de 100 ficaram imunizadas da doença. Contudo, também significa que cinco pessoas não apresentaram resultados na pesquisa.

Em tempos que não envolvem pandemia, órgãos reguladores da saúde pelo mundo, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil, a Federal Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, e a Organização Mundial da Saúde (OMS), consideram como ideal que uma vacina tenha, no mínimo, 70% de eficácia em seus resultados.

Entretanto, levando em consideração o estado de emergência provocado pelo novo coronavírus, estes órgãos reguladores já emitiram comunicados defendendo que uma vacina que apresente resultado superior a 50% de eficácia comprovada poderá ser aprovada e utilizada na população.

Importância do grupo placebo

Na fase três de testes das vacinas, voluntários que nunca tiveram contato com o Sars-Cov-2 são divididos em dois grupos: um que recebe a vacina em desenvolvimento e outro que recebe uma substância placebo (considerada neutra e sem efeitos no organismo).

Nem os voluntários e nem os profissionais envolvidos sabem se o material aplicado é vacina ou placebo. O grupo que toma placebo é importante por diversos fatores, que vão desde uma análise mais precisa dos resultados até imparcialidade das pesquisas.

O imunologista Gustavo Cabral exemplifica: “Imagine que 80% das pessoas infectadas não desenvolvem a doença. Então se eu vacinar apenas com a vacina propriamente dita e der 98% de proteção, significa que este valor pode ter sido gerado pela proteção da vacina ou pelo próprio sistema imunológico. A gente não tem como garantir, por isso tem um grupo placebo. Então, neste exemplo, 80% dos que não tiveram vacina ficaram protegidos e 95% dos vacinados se protegeram. Isso quer dizer que a vacina funciona”.

O cálculo da eficácia é feito da seguinte maneira: um menos o resultado da divisão da porcentagem dos voluntários que receberam a vacina e tiveram a doença pela porcentagem do resultado que receberam placebo e adoeceram. Multiplica-se este valor por 100 para encontrar a porcentagem.

No exemplo citado, a eficácia desta vacina hipotética seria de 75%, número aprovado por órgãos reguladores mesmo antes da pandemia.

Problemas com armazenamento

Gustavo lembra que outro fator importante a ser analisado em uma vacina é o armazenamento necessário para que ocorra sua distribuição.

Algumas vacinas desenvolvidas precisam ser armazenadas em temperaturas que chegam a -80ºC. Em grau de comparação, o freezer de uma geladeira convencional alcança temperaturas entre -16ºC e -25ºC.

Algumas vacinas precisam ser armazenadas em até -80°C | Foto: Freepik

“Para isso, é necessário estrutura e condição de armazenamento. Para o Brasil, fica mais difícil e custoso, requer uma estrutura muito maior”, afirma o imunologista. Segundo ele, as vacinas que não necessitam de temperatura tão alta são mais fáceis de irem para os postos de saúde e, consequentemente, podem chegar a uma quantidade maior de pessoas.

adm

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