Com falsas acusações de crimes, Uber e 99POP excluem motoristas das plataformas

REGIÃO METROPOLITANA SEGURANÇA

A Uber está sendo processada por diversos motoristas do aplicativo em Salvador após expulsá-los em triagem de segurança. A justificativa da empresa é que os condutores são réus em processos criminais, mas eles apresentam ficha limpa. Em apenas um escritório de advocacia da cidade, a estimativa é que existam 50 processos em aberto contra a empresa e a 99 Táxi.

Segundo a advogada responsável pelos processos, Daise Mota, a verificação da Uber é feita considerando apenas o nome dos motoristas, sem especificar número de identidade ou CPF. Como muitas pessoas possuem mesmo nome e sobrenome, os motoristas acabam sendo expulsos sob acusação de crimes cometidos por homônimos.

Um dos motoristas, Cosme de Jesus, está sendo acusado pela Uber de possuir um processo criminal em Lagarto, Sergipe. O motorista diz sequer conhecer a cidade. Para dar seguimento à ação contra a empresa, Cosme precisou viajar até Sergipe, onde retirou hoje (5) uma certidão de antecedentes criminais que não aponta o cometimento de nenhum delito.

Tiago Francisco da Silva, por exemplo, foi expulso da plataforma há três meses, durante a pandemia, e continua sem trabalhar. O motorista, com avaliação 4.88, tinha como única fonte de renda as viagens do aplicativo. Em julho, quando foi trabalhar percebeu que não estava mais autorizado a utilizar a plataforma.

Segundo os advogados que cuidam dos processos, a Uber envia um comunicado padrão como justificativa. Alguns chegaram a enviar provas de que não tinham antecedentes criminais e foram respondidos com uma reformulação da mesma mensagem, apontando que eram réus em processos.

Ainda de acordo com a advogada, a empresa se recusa a ser citada na intimação, o que dificulta o andamento dos processos. Em um dos casos, de Cid José Dias, apesar de uma liminar determinar sua volta ao aplicativo, a Uber só cumpriu com a decisão após o juiz Valter Américo Caldas aplicar uma multa de 100 mil reais à empresa caso não reintegrasse o motorista.

Em 2019, a Uber fechou contrato com o Serpro, empresa de Tecnologia da Informação do Governo Federal.

A empresa informou em nota que realiza uma rechecagem de segurança periodicamente. Todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais antes de poderem dirigir utilizando o aplicativo, conforme determina a Lei Federal.

adm

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