Mais uma cena de covardia e crueldade contra animais foi registrada em Belo Horizonte. Na última terça-feira (5), uma moradora do bairro Paquetá, na Pampulha, que preferiu não se identificar por medo de represálias, encontrou uma cachorrinha ensanguentada na rua Póvoa de Varzim. Como ela estava muito debilitada, foi encaminhada de urgência para uma clínica veterinária na região.
Durante o atendimento, o veterinário constatou que ela tinha sofrido três facadas, duas no rosto e outra perto do olho. Paola Maciel, 27, que é amiga da moradora que localizou a cadelinha, conta que ela perdeu muito sangue. “Ainda pode perder o olhinho. Só está esperando desinchar a região para saber se vai ter que retirar”, conta.
E a cachorra até ganhou um nome: Ariel. E depois de cinco dias de tratamento, ela está melhor e recebeu alta neste sábado (5). Até agora, já foram gastos mais de R$ 1 mil com remédios e a internação. Como Paola e a amiga não tem condições de arcar com esse custo, elas fizeram uma vaquinha online. “A Ariel é muito dócil, tem aproximadamente um ano e meio e alguém aproveitou que ela é mansinha e gosta de brincar para fazer isso”, afirma.
E caso seja necessário retirar o olhinho, a cadela vai passar por uma cirurgia, que também deve custar outros R$ 1 mil, além dos valores necessários para a vacina e a castração. Segundo Paola, Ariel não estava com aparência de viver nas ruas. “Ela é gordinha e minha amiga conhece todos os cães que vivem na vias da região e nunca tinha visto ela”, acrescenta.
Já foi realizado um boletim de ocorrência e agora elas tentam encontrar o agressor.
Caso grave
O veterinário Mário Rennó, que atendeu a cachorrinha Ariel, conta que ela chegou na clínica em estado grave e com uma hemorragia ativa. “Tivemos que anestesiar a face e verificamos três cortes profundos. Teve que passar por uma cirurgia de emergência para fazer a sutura e não deixar perder mais sangue”, diz.
Para o especialista, há grandes chances que ela tenha sofrido maus-tratos. “Parece ter sido uma pancada na cabeça, seguido pelos cortes feitos por arma branca (faca ou gilete). Ela foi liberada e vamos fazer de tudo para manter o olhinho”, frisou. O tratamento segue na casa da moradora que encontrou Arial na rua.
Adoção responsável
Quando Ariel estiver curada dos ferimentos, Paola pretende fazer uma campanha de adoção responsável. A cadelinha é uma vira-lata de porte médio e, além de ser muito dócil, gosta de brincar. “Ela precisa de muito amor para esquecer esses traumas”, finaliza. Ela ainda ganhou uma conta no Instagram (@todosporariel), que traz todas as atualizações sobre o tratamento da cadelinha
Quem quiser ajudar a custear a internação da Ariel, basta doar através da vaquinha virtual, que pode ser acessada aqui.
Outros casos
No fim de julho, moradores do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, denunciaram a violência contra cachorros e gatos que vivem nas ruas da comunidade. Segundo a ONG Amor em Quatro Patas, os animais foram envenenados e esfaqueados: a cadela Princesa morreu; o cão Pequeno foi atingido com três facadas e ficou internado. Outros dois cachorros, Amarelão e Hulck, também foram vítimas de envenenamento e se recuperaram no abrigo mantido pela entidade.
Dias antes, o caso do cachorro Sansão repercutiu em todo o Brasil. O animal, que tem dois anos e é da raça pit-bull, teve as patas traseiras decepadas em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele vivia em uma fábrica do tutor, Nathan Braga de Souza, de 21 anos. O cão foi agredido por um funcionário de uma empresa ao lado, na MG-424. O suspeito foi multado por maus-tratos e demitido do local que trabalhava.
“Sansão esteve em estado crítico, perdeu muito sangue, precisou fazer três transfusões. Ele nos mostrou que é muito forte, conquistou todo mundo. Agora, é cuidar dele em casa. O Sansão não volta mais para a fábrica”, contou Souza na época.
Punição mais rigorosa
O Senado vota na próxima terça-feira (8) um projeto de lei que estabelece pena de prisão de um a quatro anos, além de multa, para quem cometer crimes de maus-tratos contra animais. Caso o bichinho seja morto, a punição é aumentada entre um sexto a um terço da previsão inicial.
O texto já foi aprovado em dois turnos pela Câmara dos Deputados. Atualmente, esses crimes são considerados de menor potencial ofensivo pela legislação.