Presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, deve se reunir hoje com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Brasília. O encontro acontece depois de o chefe do Palácio do Planalto demitir o ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) do Ministério de Saúde, e também após Bolsonaro atacar duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).
Logo após os dois fatos, o prefeito soteropolitano afirmou, em entrevista ao jornal Estado de são Paulo, que o apoio de sua sigla ao governo Bolsonaro “degradou”. “Terminou por degradar o apoio que ainda poderia ter dentro do partido”, salientou. Em entrevista à imprensa nesta semana, ACM Neto afirmou que na reunião pretende “construir ponte entre os poderes”. “Precisamos olhar pra frente e ter um trabalho coordenado entre governo federal, estaduais e municipais”, salientou.
O convite do presidente ao prefeito soteropolitano para o encontro ocorreu na tarde da última segunda-feira. Embora negue as indicações políticas, o DEM ainda comanda dois ministérios no governo Bolsonaro: Agricultura (Tereza Cristina) e Cidadania (Onyx Lorenzoni). Segundo o site da CNN Brasil, o encontro entre Bolsonaro e ACM Neto acontece também no momento em que o governo federal tenta atrair parte do centrão para próximo de si em busca de uma formação de uma base parlamentar, e o DEM corre o risco nesse processo de perder para outros partidos cargos que possui no segundo e terceiro escalões.
Durante a crise da pandemia, o prefeito tem feito duras críticas à postura do presidente. Disse que Bolsonaro foi “irresponsável” no pronunciamento que foi transmitido em março em rede nacional de televisão. Em sua fala, o chefe do Palácio do Planalto pediu a “volta à normalidade”, o fim do “confinamento em massa” e disse que meios de comunicação espalharam o “pavor”. No mesmo mês, Neto criticou Bolsonaro por participar de atos contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Para o democrata soteropolitano, o presidente “não teve a postura que o cargo exige”. Além de comparecer ao protesto que ocorreu pelo país, Bolsonaro estimulou a presença de aliados, apesar da recomendação dada pelo Ministério de Saúde de evitar aglomerações por causa da crise do coronavírus.
“A atitude do presidente não é compatível com a seriedade e o foco que o momento atual exige”, disse ACM Neto, em entrevista ao site da CNN Brasil na época. “O momento não é de fazer política, de levantar bandeira partidária. O momento exige união dos líderes e dos governantes, e a postura do presidente não contribui para isso”, emendou o prefeito.