De acordo com os dados publicados pela Agência Nacional de Estatísticas do Canadá, quatro em cada cinco pessoas experimentará pelo menos um episódio de dor lombar incapacitante ao longo da vida, sendo que cerca de 84% dos homens e 73% das mulheres com dor lombar relatam uma diminuição significativa na frequência de relações sexuais como consequência.
“A lombalgia limita não apenas os tempos e posicionamentos dos atos sexuais como é apontada em diversos estudos como causadora da diminuição da líbido e da satisfação sexual”, esclarece Luís Teixeira, médico fundador do Spine Center, um centro de cirurgia da coluna, sediado em Coimbra.
As repercussões sexuais da lombalgia são muitas vezes subestimadas devido às barreiras e a preconceitos existentes entre o doente e o seu médico assistente na abordagem deste tema.
A preparação dos clínicos, o tempo e a privacidade são algumas das causas apontadas para a pouca abordagem ao assunto, mas os preconceitos dos próprios doentes relativamente ao tema, continuam a ser o principal motivo indicado para a falta de esclarecimento com as consequências que daí advêm, conforme explica o cirurgião ortopédico que destaca “a hiperpressão aplicada às estruturas articulares e musculoligamentares da coluna vertebral aquando do acto sexual.”
Mas o caminho pode ser outro, conforme revela o especialista que admite que algumas posições sexuais e uma flexão menor de alguns membros podem ajudar numa redução significativa do desconforto sentido. “É um facto que a coluna vertebral se move durante o sexo e um dos conselhos que costumo dar passa por sugerir que a pessoa controle o movimento e que utilize menos a coluna e mais os joelhos ou o quadril, mantendo a sua coluna o mais neutra e com a menor tensão possível”, salienta.
Mas não podemos esquecer-nos que cada caso é um caso, conforme esclarece o cirurgião ortopédico: “As posições sexuais que são adequadas para um tipo de dor nas costas podem não ser as melhores para evitar algumas lesões na coluna”. Independentemente de cada posição e da postura certa, o importante, de acordo com o médico fundador do Centro de Cirurgia da Coluna, é que as pessoas recorram a um especialista para avaliar o seu caso para que “a dor nas costas não seja limitadora e não afete a vida do doente física e psicologicamente. E que percebam que há alternativas para lidar com a dor”, conclui.