Feminista engajada, a cantora paraense Gaby Amarantos tem reafirmado cada vez mais o discurso libertário para as mulheres. Rompendo tabus, em outubro, em parceria com Duda Beat, ela lançou o videoclipe da música “Xanalá”, que com frases e imagens que remetem diretamente ao sexo e ao órgão sexual feminino, pode deixar conservadores de cabelo em pé.
Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, Gaby contou que por conta de sua postura independente e ousada quase não toca nas rádios e não é muito convidada para se apresentar em programas de TV. Ela, no entanto celebra a marca de cerca de um milhão de visualizações no Youtube em “Xanalá”. “Eu queria falar do prazer feminino, não só da xana mas de todo esse território, queria falar da sexualidade feminina de uma forma mais livre”, explicou a artista, que no clipe aparece cercada de vaginas, desde o cenário ao figurino.
“A gente tem vários formatos de xana, várias cores de pele, várias texturas diferentes, então no clipe a gente tomou muito cuidado para que todas as mulheres —ou a maioria delas— olhassem e dissessem ‘a minha tá ali’, ‘aquela ali é a minha’, ‘a minha é a da direita’”, comentou Gaby, que disse ter vontade de gravar um álbum inteiro dedicado ao tema. “A gente está no momento de falar sobre isso, e o feminismo ajuda muito porque a sociedade está mais aberta para discutir esse assunto. Imagina, eu quando era criança não sabia nada sobre nossa anatomia, minha mãe não falava nada sobre sexo, nunca conversou comigo”, avalia.
“E se a gente for pensar em relação ao mundo, no ano passado a gente teve uma das primeiras artistas a lançar um clipe falando sobre vagina, que foi a Janelle Monáe com ‘Pynk’. Quando eu vi aquele clipe, eu falei ‘nossa!’; eu já tava com essa vontade, mas quando vi aquela estética, aquilo me guiou muito”, contou a cantora e compositora brasileira, que este ano saiu em defesa da cantora Preta Gil, após a colega receber uma enxurrada de críticas por causa da aparência avantajada da região pubiana em uma foto na internet.
“Esse episódio vem se repetindo muito, a história com a Preta foi o estopim. É muito preconceito”, declarou. “A gente tem que ter uma xana perfeita, um azulejo, que não marca no biquíni, sendo que a gente tem uma racha, a nossa anatomia é aquela. Aí fiz um ensaio de fotos de biquíni e umas imagens ficaram com a tal ‘pata de camelo’, e eu achei lindo, decidi postar uma e comentar o episódio da Preta”, conta a artista, que também foi muito criticada pela atitude, mas não chegou a abalar a paraense. “Eu sou uma mulher de xerecão, eu tenho tudo grande, eu sou grande. Eu tenho bundão, pernão, bração. Já tive problemas com isso, hoje me adoro como eu sou, fora do padrão”, afirma.